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Assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo é uma emoção que pode se tornar perigosa para algumas pessoas. Uma partida muito disputada e difícil de ter um desfecho, por exemplo, costuma deixar muita gente com o nível de estresse elevado: um sinal amarelo para quem sofre do coração.

No primeiro jogo do mata-mata da Copa da Rússia, a seleção brasileira passou sem precisar ir aos pênaltis, o que foi positivo para o coração de milhares de torcedores. Mas a possibilidade ainda existe nesta sexta-feira (6), contra a Bélgica, e em outros dois jogos, caso continue vencendo.

"Jogos de Copa do Mundo estão associados ao aumento da ocorrência de IAM [infarto agudo do miocárdio] entre brasileiros, que varia entre 4% e 8%", diz um estudo USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, divulgado em 2014, com dados coletados entre 1998 e 2010.

Na Inglaterra, diversos torcedores relataram que seus relógios inteligentes registraram mais de 120 batimentos cardíacos por minuto durante a cobrança dos pênaltis contra a Colômbia, na terça-feira (3).

"Grandes emoções podem causar aumento da frequência cardíaca e pressão arterial e até em casos especiais desencadear um infarto ou um AVC [acidente vascular cerebral]", observa o presidente do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), professor doutor Roberto Kalil Filho.

No campo, o técnico colombiano, José Pékerman, de 69 anos, cobriu os olhos na hora dos pênaltis, demonstrando claro nervosismo. Diante das imagens, o presidente da Fundação Cardiológica Argentina, Jorge Eduardo Tartaglione, chegou a sugerir em entrevista ao jornal Clarín que fossem extintas as definições por pênaltis "pelo alto risco de infarto".

O coordenador do Centro de Treinamento da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), Sergio Timerman, acrescenta que o aumento dos batimentos cardíacos devido ao estresse emocional não é o mesmo de uma atividade física e, portanto, não deve ser prolongado. "Para quem tem uma obstrução [de artéria], isso pode causar um infarto e até morte súbita", observa.

O principal problema na opinião dele, é que milhões de brasileiros nem sequer sabem que têm problemas cardiovasculares. "É uma doença silenciosa", diz.

O cardiologista Francisco Helfenstein, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que pessoas que já tenham sido diagnosticadas com problemas cardíacos devem evitar momentos cruciais da partida, caso se envolvam demais com o jogo.

"As recomendações universalmente são de que pacientes que tiveram um infarto recente, ou um AVC, pessoas que não têm a pressão sob controle ou que estejam com suspeita de problemas cardiovasculares e uma situação cardiológica ainda não esclarecida não assistam a uma partida mais disputada", diz.

Pesquisadores britânicos estudaram a incidência de infarto agudo do miocárdio durante a partida em que a Inglaterra perdeu nos pênaltis para a Argentina na Copa da França, em 1998.

 

R7