O artigo que trata sob Paralisia Cerebral foi enviado ao piauinoticias pela graduanda em Odontologia Básia Rabelo Nogueira.
Paralisia Cerebral (PC) é o conjunto de desordens do desenvolvimento, movimento e postura que trazem limitações motoras para a pessoa afetada. Assim como qualquer indivíduo, o paciente com paralisia cerebral precisa de cuidados essenciais para ter uma boa saúde oral e uma melhor qualidade de vida. O consumo frequente de medicamentos açucarados, dieta rica em carboidratos e retenção prolongada dos alimentos na boca devido a movimentação anormal da musculatura facial faz com que esses pacientes tenham um maior risco de desenvolver cárie e doença periodontal.
Como são pacientes geralmente dependentes de uma terceira pessoa para realizar atividades diárias, o cuidador deve ser motivado a realizar a escovação de uma maneira efetiva. Um estudo feito pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPI (PPGO – UFPI), mostrou que aqueles pacientes com paralisia cerebral que tinham seus dentes escovados 3 vezes ao dia tinham melhor condição de saúde bucal do que aqueles que escovavam 2 vezes ao dia, ou seja, esse grupo de pacientes apresentou menores índices de cárie e uma melhor saúde periodontal.
A escovação é o principal meio para remover placa bacteriana e restos de alimentos que ficam nos dentes e, assim, prevenir doenças bucais. A escova de dentes utilizada deve ser adequada para a idade da criança ou do adolescente, preferencialmente com cerdas macias, cabeça pequena para alcançar os dentes mais posteriores e deve ser trocada sempre que as cerdas se abrirem. Devem ser realizados movimentos circulares e suaves para remover a placa dentária de todas as partes dos dentes. Assim como o consumo racional de açucares, o flúor é essencial na prevenção contra cáries. Portanto, o creme dental de escolha é aquele com flúor na concentração recomendada pelo dentista.
As desordens neuromusculares presentes nesses pacientes podem tornar difícil o simples fato de abrir ou manter a boca aberta o que dificulta a escovação. Abridores de boca confeccionados com palitos de picolé enrolados com uma fita adesiva podem ser essenciais para contornar essa situação e permitir que o cuidador faça a higiene bucal adequada da criança ou do adolescente.
O cuidador também pode sentir uma dificuldade de estabilizar a cabeça da criança, para isso ele deve se posicionar por trás dela e utilizar a mão esquerda para segurar a mandíbula da criança e encostar a cabeça contra a sua barriga para assim estabiliza-la. Após a escovação é de extrema importância o uso do fio dental para limpar as regiões entre os dentes onde a escova não consegue alcançar. Por fim, a língua deve ser limpa com a própria escova, gaze ou fralda limpa.
Além do cuidado diário dentro de casa, a criança deve visitar regularmente o dentista e cabe a esse profissional se preparar para atender de forma adequada esse paciente fornecendo orientações para os pais ou cuidadores. O dentista deve estar ciente que a sua forma de atender deve ser adaptada às necessidades especiais do paciente com paralisia cerebral e buscar a maneira mais confortável e segura de realizar os procedimentos necessários.
Básia Rabelo Nogueira – Aluna do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPI (PPGO- UFPI)
Raimundo Rosendo Prado Júnior – Professor do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPI (PPGO- UFPI)