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alzeimerhA doença de Alzheimer pode ser uma consequência de infecções por vírus que aconteceram ao longo da vida, principalmente o vírus da herpes, diz estudo publicado nesta quinta-feira (21) na revista "Neuron". A pesquisa analisou três diferentes bancos de dados de cérebros e mostrou, segundo os autores, o maior conjunto de evidências registrado até agora sobre essa relação.

No total, cientistas analisaram 622 cérebros de pessoas que tiveram Alzheimer e 322 órgãos de pessoas sem a doença.

O estudo teve a participação de pesquisadores da Universidade do Estado do Arizona e da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai, ambas nos Estados Unidos. Cientistas contaram com financiamento do NIH (Instituto Nacional de Saúde dos EUA).

"Trata-se de um estudo publicado em uma revista importante sobre uma discussão grande na ciência: a relação entre micro-organismos e o cérebro", diz Almir Ribeiro Tavares Júnior, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais que já acompanhou estudos com Alzheimer no NIH.

O pesquisador explica que cientistas desconfiam há décadas da relação entre demências e infecções. Acredita-se que a proteína associada á doença de Alzheimer, a beta amiloide, pode ser produzida como uma reação do sistema imunológico a infecções por micro-organismos.

"A beta amiloide contribui para a morte neuronal e para uma piora na transmissão de impulsos entre neurônios" , diz o pesquisador. "Antes, pensava-se que ela era a causa da doença de Alzheimer. Hoje, sabe-se que ela é uma consequência, mas não há uma precisão da consequência exatamente do quê".

Vírus da herpes

Ao comparar cérebros de pessoas acometidas pela demência com cérebros normais, o estudo identificou altos níveis de herpesvírus humano (HHV) 6A e 7 em amostras de cérebro de pessoas que haviam tido a doença. Os cientistas encontraram fragmentos do vírus em quatro regiões diferentes do cérebro.

Os cientistas salientam, no entanto, que o estudo não comprova a relação."Seria muito difícil cravar esa relação, porque seria necessário um estudo prospectivo, com uma intervenção, o que não pode ser feito", diz o pesquisador da UFMG.

Além da presença do vírus, cientistas sequenciaram o DNA e o RNA de todos os 944 cérebros analisados e encontraram diversos mecanismos associados ao Alzheimer que podem ter sido deflagrados pelas infecções.

 

G1

Foto: Shireen Dooling/Biodesign Institute at ASU