Mais de uma a cada cinco visitas de crianças ao pronto-socorro resultam em prescrição de antibióticos nos Estados Unidos. Mas pelo menos 20% dessas receitas não precisariam ser prescritas. É isso que revela um artigo publicado no periódico Pediatrics desta segunda-feira. No texto, membros do Comitê de Doenças Infecciosas da Academia Americana de Pediatria recomendam aos médicos mais cautela antes de receitar antibióticos a crianças.
Os pediatras explicam que antibióticos devem ser usados para combater enfermidades causadas por bactérias, não por vírus. Caso contrário, além de ineficaz, o antibiótico pode provocar efeitos colaterais que variam desde diarreias e aparecimento de erupções cutâneas até severas reações alérgicas e morte por ataque cardíaco. Além disso, o uso excessivo da droga contribui para a criação de bactérias mais resistentes aos medicamentos, um grave problema, ao menos 23 mil americanos morrem em decorrência de infecções causadas por superbactérias.
Segundo os pediatras, os motivos que mais costumam levar as crianças ao médico são simples resfriados e infecções respiratórias e de ouvido – todos causados por vírus, não por bactérias. O grande número de prescrições de antibióticos seria, portanto, injustificável.
Diagnóstico: Os sintomas das infecções causadas por vírus e bactérias são semelhantes. Para evitar enganos, os médicos devem ser cuidadosos na anamnese. Quando a criança é maior e não sente muitas dores, uma opção é simplesmente esperar um pouco e observar se os sintomas vão embora em pouco tempo (caracterizando apenas um resfriado, por exemplo) ou se persistem.
Mesmo nos casos em que o medicamento é recomendável, é possível diminuir as chances de efeitos colaterais indesejáveis. No artigo publicado na Pediatrics, os americanos recomendam o uso de antibióticos de curto espectro, que são mais específicos e agem apenas contra algumas bactérias. É o contrário do que acontece com as versões de largo espectro, que possuem a capacidade de agir contra mais bactérias, mas, por esse mesmo motivo, podem acabar destruindo também algumas bactérias benéficas e essenciais ao organismo.
Fonte: veja.abril