Você já imaginou a sua vida sem ouvir nenhuma palavra? Vinte milhões de brasileiros têm alguma dificuldade para ouvir. Quanto mais cedo o problema for descoberto, maiores são as chances de cura. Para isso, o teste da orelhinha é fundamental. O que podemos fazer para evitar a perda auditiva? Veja tudo na série ‘Escuta Aqui’, do Bem Estar.
A surdez severa ou profunda – aquela em que a pessoa não ouve nada – atinge 300 mil pessoas em todo o país. As doenças infecto-contagiosas, como meningite e caxumba, e as doenças genéticas são as principais causas de problemas auditivos.
Mas a surdez também tem outras causas, como o envelhecimento. Segundo os médicos, normalmente, começamos a perder a audição a partir dos 42 anos de idade, em média. Só que nessa fase ainda não dá para perceber. Os primeiros sinais costumam aparecer entre os 50 e 60 anos. A partir daí, é comum a audição ficar comprometida.
O problema é que esse processo até então natural está mais acelerado. Com a exposição prolongada a sons muito altos, os brasileiros estão ficando surdos cada vez mais cedo. Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, ruídos com mais de 85 decibéis já trazem riscos.
A otorrinolaringologista Tanit Sanchez coordenou uma pesquisa com 170 crianças e adolescentes de um colégio de São Paulo, que vivem com fone de ouvido. As primeiras lesões, segundo o estudo, estão aparecendo na adolescência. “A presença de zumbido nos adolescentes é o sinal de que eles estão vulneráveis a ruídos e estão tendo uma lesão entre o ouvido e o nervo auditivo. Com o passar do tempo, mantendo os mesmos hábitos, é quase garantido que eles ficarão surdos”, explica.
O fone de ouvido deve ser usado com moderação. Use sempre em um volume baixo que permita ouvir o som externo, prefira os fones com isolamento acústico e não use o fone mais que duas horas seguidas.
Ouvir bem é fundamental para nos comunicarmos. Alguns hábitos podem ajudar a preservar a audição:
Diminuir o volume
Afastar-se da fonte sonora
Usar protetor auricular
Veja os hábitos que afetam a audição:
Uso das hastes flexíveis dentro do ouvido
Uso prolongado de fone de ouvido com som alto
Jejum prolongado
Excesso de carboidrato
Automedicação (Anti-inflamatório, antibiótico e estimulantes sexuais podem afetar os ouvidos)
Prevenção e diagnóstico
A prevenção e o diagnóstico devem ser feitos já nos primeiros dias de vida. Por isso a importância do teste da orelhinha, como explicou a fonoaudióloga Katya Freire. O caminho para evitar problemas é o diagnóstico precoce.
Já nas primeiras horas de vida, dá para saber se a criança tem alguma deficiência auditiva. Desde 2010, uma lei determina que hospitais e maternidades de todo o país façam de graça o teste. Um exame rápido e simples que mostra se o bebê está ouvindo direitinho. Ele dura, no máximo, cinco minutos e é feito no segundo ou terceiro dia de vida.
Outro exame importante é a audiometria, feita a partir dos quatro anos. O paciente coloca um fone de ouvido, que recebe estímulos sonoros em várias intensidades.
Implante coclear ou aparelho auditivo?
A primeira opção deve ser sempre o aparelho auditivo. O implante coclear só é indicado para quem sofre de surdez severa ou profunda nos dois ouvidos e não teve resultado com o uso do aparelho auditivo.
O implante coclear, também chamado de ouvido biônico, é formado por um chip e um fio de eletrodos. O dispositivo é implantado na cóclea, parte do ouvido responsável por receber sons. Do lado de fora, o microfone capta o som e transmite para o processador, que transforma os sons em impulsos elétricos. Esses impulsos estimulam as células auditivas e aí o cérebro perceber o estímulo como um som.
Quem faz o implante coclear enfrenta um desafio que costuma durar muitos anos: aprender a dar sentido às palavras, entender cada som que chega ao ouvido para desenvolver a fala e se comunicar. Por isso, mais do que ouvir é preciso saber escutar.
Já o aparelho auditivo substitui a função das células ciliadas lesadas que ficam na cóclea, amplificando o som baixo e protegendo do som alto. Quando o som chega no aparelho, ele é amplificado, jogado para as células ciliadas internas, segue para o nervo e chega no cérebro. O cérebro é quem ouve, não os ouvidos.
G1