O crack é uma droga geralmente fumada, sendo uma forma impura da cocaína. Vem do verbo da língua inglesa “to crack”, que significa quebrar, devido aos pequenos estalos que as pedras geram ao serem expostas ao fogo. A fumaça chega ao sistema nervoso central em apenas 10 segundos. Essa verdadeira arma de matar se alastrou e, pelo segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, o Brasil é o maior mercado de crack do mundo.
Um estudo divulgado pela Universidade de São Paulo confirma que 01 em cada 100 adultos no Brasil já fumou crack. O que representa 1 milhão de brasileiros acima dos 18 anos. O médico psiquiatra Ralf Trajano fala tudo que essa droga pode causar de ruim na vida de uma pessoa. “O usuário do crack costuma apresentar perda de peso, costuma apresentar modificações na estrutura muscular, da pele, feridas no corpo, apresentam a tosse, às vezes com o escarro enegrecido por conta da fumaça tóxica do crack, essas tosses podem causar falta de ar. Eles podem ter ainda questões de infecção urinária aumentadas, infecções intestinais aumentadas.
Psiquicamente o médico destaca nos usuários do crack comportamentos de ansiedade exacerbada, principalmente, nos períodos de abstinência, mas normalmente o usuário do crack fica ansioso por a cocaína ser uma droga estimulante, então aumenta o metabolismo cerebral e isso faz com que ele fique acelerado. E às vezes a diminuição do nível da substância no cérebro faz com que a pessoa fique mais ansiosa no geral. Mais ansiosos, mais distraídos, mais inquietos e até mesmo mais impulsivos em fazer as coisas. “Fazem primeiro, pensam depois”, pontua o psiquiatra.
Do ponto de vista social o profissional da área de saúde destaca que o ponto culminante é a desestruturação da família, que no geral já era deficiente e não possuía uma estrutura segura. “Há as perdas dos relacionamentos sociais já que há uma busca maior do uso da droga e o distanciamento pelo interesse maior do uso da droga e não por estar junto e cuidando da família, além de pararem de se cuidar”.
Em relação ao funcionamento do cérebro, os exames de imagem não têm como comprovar os danos físicos que os usuários de crack sofrem e o que aparece são alterações muito discretas. “O estímulo continuado da cocaína no cérebro ele vai causar a perda de sensibilidade de receptores que levam à própria ansiedade, depressão, psicose e outras alterações de comportamento”.
Para ajudar a família deve procurar se informar mais sobre o problema, ver a estrutura que essa pessoa está tendo dentro da família que está suportando esse uso. O familiar precisa entender que o usuário é o responsável por esse uso da droga, então se ele está usando, está se responsabilizando e não está tendo conseqüências isso dificulta muito ele ter motivos para parar. “Ninguém para de usar drogas porque o pai ou a mãe acha feio. As pessoas param ou reduzem o uso porque estão se prejudicando e sentindo isso na pele. A família precisa deixar o usuário se responsabilizar e procurar ajuda especializada”, finaliza o médico psiquiatra Ralf Trajano.
Meio Norte