Durante o sono podem ocorrer algumas alterações do ritmo respiratório que poderão ser inofensivas ou fisiológicas. No entanto, quando ocorre um período de ausência de inspiração de alguns segundos, ou quando “falha” mais que um ciclo respiratório de acordo com o ritmo que se estava a verificar, isto corresponde a uma apneia.
A maioria das apneias do sono da criança são apneias obstrutivas (AOS) e ocorrem sobretudo na fase profunda do sono em que a musculatura da faringe e da base da língua está mais “mole” (hipotónica) e mais facilmente colapsa durante as tentativas de inspiração, agravando o obstáculo à entrada do ar. Assim, o que distingue as apneias obstrutivas das apneias centrais é que, nestas últimas, a criança não faz movimentos para tentar inspirar. Se há inspirações pouco eficazes e superficiais, fala-se de hipopneia.
Quase sempre a apneia obstrutiva do sono é acompanhada por roncopatia. Há crianças que apenas ressonam, não tendo períodos de apneia e, neste caso, incomodam os irmãos ou outras crianças que com eles partilham o quarto ocasionalmente. Considera-se que o ressonar isolado, que demonstra um aumento de resistência da via aérea superior, não é totalmente inócuo.
A criança com AOS tem geralmente um sono agitado, com microdespertares, procurando uma posição mais cômoda, baba a cama, tem aumento da transpiração e muito raramente pode voltar a “molhar” a cama. Durante os períodos de apneia, a concentração do oxigênio no sangue pode baixar significativamente e o valor de dióxido carbono retido pode aumentar.
Geralmente são, ao contrário dos adultos, crianças emagrecidas porque gastam muitas calorias com o esforço respiratório e podem ser agitadas, pouco concentradas na escola e por vezes irritáveis e com comportamentos antissociais na relação com os pares. Há crianças que mesmo acordadas têm uma respiração muito ruidosa e difícil durante a inspiração (ou contrário da asma), respiram de boca aberta quer de dia quer de noite e a longo prazo terão problemas de desenvolvimento do palato e arcada dentária que vão necessitar de correção ortodôntica.
Dentro das causas mais comuns de AOS contam-se o aumento do tamanho dos adenóides e das amígdalas, podendo ser potenciado por rinite alérgica concomitante ou durante as infecções virais ou bacterianas muito comuns na infância. O refluxo gastro-esofágico, por vezes assintomático, agrava também a AOS e, raramente, a obesidade pode ser causa isolada de AOS da criança.
msnsaude