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fastfood1232013A depressão é uma doença que afeta mais de 350 milhões no mundo, de pessoas de todas as idades, gêneros e etnias, sendo a causa de mais de 850 mil suicídios por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. O órgão estima que a doença se torne a mais comum do mundo nos próximos 20 anos. Por se tratar de uma doença causada pela combinação de fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociológicos, seus hábitos diários interferem diretamente no aparecimento da doença. E não é só o estresse ou a falta de sono que afetam o seu emocional - aquilo que você coloca no prato também pode estar deixando seu organismo mais vulnerável a essa doença. Muitas pesquisas científicas comprovam que alguns hábitos alimentares podem aumentar as chances de depressão. Veja o que dizem os especialistas:

 

Muita gordura trans pode afetar os neurônios

O consumo exagerado de gorduras trans está diretamente relacionado a um maior risco de depressão, de acordo com um estudo desenvolvido pelas universidades de Navarra e Las Palmas, ambas espanholas. Os pesquisadores analisaram o estilo de vida de 12 mil voluntários ao longo de seis anos e descobriram que os participantes com um consumo elevado de gorduras trans apresentaram até 48% de aumento no risco de depressão, quando comparados com participantes que não consumiam esses produtos. Os autores também notaram que quanto mais gorduras trans eram consumidas, maiores os efeitos negativos produzidos nos voluntários.

 

"Isso acontece porque o excesso de gorduras trans e saturadas em nosso organismo aumentam a produção de citocinas, moléculas pró-inflamatórias que pode desencadear o mau funcionamento dos neurônios", explica o nutrólogo Roberto Navarro, da Associação Brasileira de Nutrologia. As citocinas interferem na transmissão nervosa e podem diminuir a produção de serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar - e baixos níveis dessa substância estão comprovadamente relacionados com a depressão.

 

Baixos níveis de vitamina D

Pesquisadores do UT Southwestern Medical Center (EUA) encontraram uma ligação entre baixos níveis de vitamina D e depressão. Foram examinados os resultados de quase 12.600 participantes de diversos estudos feitos entre 2006 e 2010. Depois de cruzarem os dados, eles descobriram que níveis mais elevados de vitamina D estavam associados a um declínio significativo do risco de depressão, em especial entre pessoas que já possuíam um histórico da doença. A vitamina D pode ser obtida pelo consumo de alimentos fonte do nutriente e pela exposição à luz solar.

 

O psicólogo Lucio Novais, da Associação Brasileira de estresse, explica baixos níveis de vitamina D no corpo estão diretamente relacionados com a falta de exposição ao sol, já que o nutriente é sintetizado pelo nosso corpo quando estamos expostos à luz solar. "Quando você toma sol, ocorre a liberação de alguns hormônios, como cortisol, que contribui para o alívio do estresse e da ansiedade, além de regular outros hormônios essenciais ao bem-estar físico e mental." Bastam 10 a 15 minutos de contato com a luz do sol, de duas a três vezes por semana, evitando a exposição entre as 10h e 16h, para obter tais benefícios. Os principais alimentos fontes de vitamina D são sardinha, ovos, fígado de boi e iogurte.

 

Jejum prolongado

 Segundo a psiquiatra Renata Bataglin, do Hospital e Maternidade São Luiz, ficar muito tempo em jejum pode atrapalhar o funcionamento do organismo e favorecer a depressão. ?Esse hábito altera os níveis de glicose no sangue, podendo deixar a pessoa mais predisposta a ter depressão", explica. Ela recomenda se alimentar de três em três horas e incluir no cardápio alimentos fontes de triptofano, um tipo de aminoácido que ajuda na produção de serotonina. "Como a depressão está relacionada à baixa serotonina, o ideal é a pessoa ingerir maiores quantidades de triptofano, presente em frutas como banana, melancia, mamão e abacate", afirma a médica do Hospital São Luiz. 

 

Consumo de fast food

Ingerir com frequência fast food pode afetar negativamente a saúde mental de um indivíduo. A afirmação é baseada em um estudo que envolveu 8.964 participantes e foi desenvolvido pelas universidades de Las Palmas e Navarra, na Espanha. Os resultados mostraram que ingerir fast food pode aumentar em 51% o risco de desenvolver depressão. "Além das gorduras presente nesses alimentos, pessoas que comem fast food em excesso no geral cultivam outro hábitos que favorecem a depressão, como sedentarismo, tabagismo e baixo consumo de frutas e legumes", afirma o nutrólogo Roberto Navarro. 

 

Chocolate pode piorar um quadro depressivo

Um estudo publicado na revista científica Archives of Internal Medicine avaliou 900 pessoas e relacionou seu consumo semanal de chocolate com o estado de humor de cada uma. Os cientistas ofereceram duas a três porções de chocolate por dia aos voluntários durante uma semana, sempre depois de colocá-los em situações limite que os deixava estressados e melancólicos, como filmes e simulações. A conclusão foi que as pessoas deprimidas consumiam 55% mais chocolate que as outras. Após o término da avaliação, constatou-se que dos 900 voluntários, 700 apresentaram um efeito rebote causado pelo chocolate, e 430 deles mostraram-se bastante melancólicos a cada rodada de consumo. "A pessoa deprimida consome grandes quantidades de chocolate porque ele eleva o nível de serotonina no cérebro, o problema é a glicose presente no doce também aumentaria a produção de insulina, elevando a pessoa a um estado de euforia, seguido de tristeza", diz o psicólogo Lucio. O resultado é um consumo ainda maior do doce, o que levaria ao recomeço do ciclo depressivo. 

 

Refrigerante diet ou normal

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde da Carolina do Norte (EUA) verificou uma possível ligação entre o consumo de bebidas diet e um maior risco de depressão. Os autores analisaram os dados de 264 mil pessoas com mais de 50 anos de idade durante dez anos. A análise revelou que pessoas que bebiam mais de quatro latas ou copos de refrigerante diet por dia tinham um risco cerca de 30% maior de desenvolver depressão do que aqueles que não ingeriam esse tipo de bebida. Quem bebia refrigerante tradicional apresentou um risco 22% maior. Os especialistas afirmam que os refrigerantes são ricos em substâncias que podem interferir nas atividades do nosso organismo de forma negativa, favorecendo o aparecimento de doenças como depressão.

 

Desordens alimentares

 Um estudo desenvolvido na Harvard Medical School (EUA) revelou que meninas adolescentes com alguma desordem alimentar - como anorexia, bulimia e compulsão alimentar - têm uma probabilidade maior de ter depressão do que as que mantêm hábitos alimentares saudáveis. A análise contou com a participação de quase cinco mil jovens do sexo feminino entre 12 e 18 anos. Os resultados apontaram que meninas adolescentes que sofriam de alguma desordem alimentar tinham um risco duas vezes maior de ter depressão. O psicólogo Lucio explica que a insatisfação com o corpo pode levar tanto à depressão quanto aos transtornos alimentares. "Além disso, uma alimentação desregrada, que seja compulsiva e rica em gorduras ou insuficiente, irá favorecer esse quadro."

 

Alimentos industrializados

Um padrão alimentar baseado em carnes processadas e aditivos alimentares (corantes, conservantes etc.) dobra o risco de depressão na meia idade. A afirmação é de um estudo publicado no British Journal of Psychiatry e desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College, em Londres, e do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica de Montpellier, na França. O estudo avaliou 3.500 homens na faixa dos 55 anos e descobriu que quanto mais rica em alimentos industrializados era a dieta do indivíduo, maior era o risco de ele sofrer depressão ? aqueles que comiam doces, frituras, carne processada e gorduras trans seis ou mais vezes por dia tinham o dobro do risco de desenvolver a doença.  

 

UOL