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Cientistas suíços conseguiram reprogramar o sistema imunológico de cobaias para eliminar a diabetes tipo 1, que geralmente surge na infância ou na adolescência e responde por cerca de 10% dos casos de diabetes. Segundo os pesquisadores, a técnica aplicada também abre caminho para o tratamento de outras doenças autoimunes -- que ocorrem quando as próprias células de defesa atacam o organismo --, como a esclerose múltipla.

 

Em uma experiência com ratos, os cientistas conseguiram atacar os linfócitos T, que têm a chave da imunidade celular. No caso da diabetes tipo 1, eles atacam as células beta do pâncreas, produtoras de insulina, o que compromete a digestão de açúcares. Para eliminar a agressividade destes glóbulos brancos, os biólogos da Escola Politécnica Federal de Lausanne utilizaram uma proteína modificada que permitiu eliminar totalmente os sintomas da doença.

 

Os primeiros testes clínicos deverão ocorrer em 2014 para tratar, em primeiro lugar, os efeitos colaterais induzidos no sistema imunológico para o tratamento da gota, uma doença crônica vinculada ao metabolismo do ácido úrico.

"Escolhemos começar com esta aplicação antes da diabetes ou da esclerose para que possamos dominar e compreender todos os parâmetros", explicou Jeffrey Hubbell, um dos co-autores do estudo publicado nesta segunda-feira, 17, pela "PNAS", revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos

 

Segundo Stephan Konton, outro co-autor, o principal aporte deste novo trabalho é sua extrema precisão.

 

"Nosso método comporta poucos riscos e não deve produzir importantes efeitos colaterais, na medida em que não atacamos o sistema imunológico de forma conjunta, mas unicamente o tipo de linfócitos T implicados nesta doença", explicou em um comunicado.

 

Os pesquisadores criaram uma empresa, Anokion SA, para realizar os testes clínicos.

 

O grupo começou a fazer experimentos no laboratório para demonstrar o potencial deste novo tratamento para a esclerose múltipla, uma doença em que os linfócitos T destroem as células da mielina que formam uma camada protetora ao redor das fibras nervosas.

 

Além disso, os cientistas estudam o potencial de sua técnica com outro tipo de glóbulos brancos, os linfócitos B, que desempenham um papel importante em muitas outras doenças autoimunes.

 

AFP