Pesquisadores dos Estados Unidos descobriram uma variação genética que afeta o relógio biológico do corpo humano de forma tão profunda que até prevê a hora do dia em que uma pessoa é mais propensa a morrer. A descoberta pode ser usada para determinar quando pacientes com problemas cardíacos ou que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) devem tomar medicação para torná-la mais eficaz, ou quando os pacientes hospitalizados devem ser monitorados mais de perto.
O estudo foi publicado na revista Annals of Neurology.
"O relógio biológico interno regula vários aspectos da biologia e do comportamento humano, tais como horários de sono preferidos, pico de desempenho cognitivo, e a duração de muitos processos fisiológicos. Ele também influencia o calendário de problemas agudos de saúde como derrame e ataque cardíaco", afirma o autor da pesquisa Andrew Lim, do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC).
Lim e seus colegas descobriram a variação genética por acaso, quando estavam investigando o desenvolvimento do Parkinson e da doença de Alzheimer. Eles analisaram os padrões de sono de 1.200 adultos saudáveis de 65 anos de idade que também passaram por avaliações neurológicas e psiquiátricas anuais. A análise mostrou uma única molécula perto de um gene chamado "Period 1 'que tinha como base ou a adenina (A) ou guanina (G), que variou entre dois grupos com comportamentos de sono distintos.
Neste local particular no genoma, 60% dos indivíduos têm a base nucleotídica adenina (A) e 40% guanina (G). Como os seres humanos têm dois conjuntos de cromossomos, em qualquer indivíduo, há uma chance de 36% de ter dois 'As' e uma chance de 16% de ter dois 'Gs', e uma chance de 48% de ter uma mistura de A e G neste local.
Os resultados mostraram que as pessoas com um genótipo AA tendem naturalmente a acordar uma hora mais cedo do que aqueles com GG, e o AGs acordam quase exatamente entre os outros dois grupos.
A equipe descobriu ainda que aqueles com o genótipo AA ou AG morreram pouco antes das 11 horas da manhã, em média, mas aqueles com o genótipo GG tendiam a morrer pouco antes das 18 horas.
"Então existe realmente um gene que prevê a hora do dia que uma pessoa vai morrer. Não a data, felizmente, mas a hora do dia", conclui Clifford Saper, chefe de neurologia do BIDMC.
Segundo Lim, mais pesquisas são necessárias para determinar os mecanismos pelos quais isso e outras variantes do gene influenciam o relógio biológico do corpo. Além de ajudar as pessoas a otimizar seus horários, a pesquisa pode levar a novas terapias para o tratamento de distúrbios do ritmo circadiano, como visto em jet lags ou pessoas que trabalham por turnos.
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