Um medicamento desenvolvido inicialmente para combater certos tipos de câncer se mostrou promissor contra à recorrência da esclerose em placas, revelam estudos publicados nesta quarta-feira na revista britânica The Lancet. O Alemtuzumab, desenvolvido originalmente para tratar uma forma de leucemia e outros tipos de câncer pelo laboratório Genzyme, do grupo Sanofi, reduziu a taxa de recorrência da esclerose em placas além dos tratamentos disponíveis, segundo testes da fase 3 (estudo de eficácia comparativa) em mais de mil pacientes.
Estas recorrências, que se manifestam de forma intermitente com sintomas como fraqueza muscular, problemas de visão e perda de sensibilidade, acabam por invalidar a grande maioria dos pacientes. Nos testes com pacientes não tratados antes, o grupo que recebeu Alemtuzumab teve, em média, quase a metade das recorrências registradas entre os pacientes tratados com interferon - o principal tratamento contra a esclerose em placas - em um período de dois anos (22% contra 40%).
Resultados similares foram observados em uma segunda bateria de testes, com pacientes recorrentes sob tratamento, e ambos "oferecem a perspectiva de progresso significativo na qualidade de vida e em um futuro melhor" para as pessoas que sofrem de esclerose em placas, destacou Alastair Compston, da Universidade de Cambridge, principal responsável pelos estudos. A esclerose em placas atinge 100 mil pessoas na Grã-Bretanha, 80 mil na França e 400 mil nos Estados Unidos.
Mas o Alemtuzumab, um anticorpo monoclonal, tem sérios efeitos colaterais: infecções, problemas de imunidade envolvendo a tiróide e queda das plaquetas no sangue, destaca o editorial da revista. As autoridades americanas e europeias devem autorizar o Alemtuzumab, sob o nome comercial de Lemtrada, no próximo ano, segundo Genevieve Maul, porta-voz da Universidade de Cambridge.
O grupo Sanofi adquiriu em 2011 a Americain Genzyme, que desenvolveu o medicamento contra a leucemia comercializado inicialmente sob o nome de Campath, depois rebatizado de Lemtrada (com dosagem diferente).
AFP