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Sites de compra, venda e doação de leite materno têm aparecido em países como Estados Unidos e Reino Unido como alternativa para mulheres que nãovendaleiteinternet23102012 podem amamentar seus bebês ou querem ganhar dinheiro com a quantidade excedente que produzem.

 

Algumas mães também têm usado as redes sociais, como Twitter e Facebook, para trocar informações sobre amamentação. Há endereços que vendem online cada 30 ml por R$ 2 e oferecem até amas de leite. É o caso do site americano onlythebreast.com ("Apenas o peito"), que tem uma versão britânica e informa logo na página principal: "Nosso discreto sistema de classificação torna possível vender ou comprar leite materno de forma limpa e privada". Outro exemplo é o Eats on Feets ("Comer em pé"), com atuação no Facebook e alcance em países como EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

 

Segundo o cofundador do onlythebreast.com, Glenn Snow, o site foi criado quando suaa mulher, Chelly, se interessou em vender o leite extra para ganhar um dinheiro a mais. Foi então que ela percebeu que centenas de mães estavam à procura da mesma coisa, mas não encontravam opções online, enquanto outras não conseguiam achar leite em hospitais ou bancos de leite, o que as levava para a internet.

 

"Chelly me pediu para construir um site dedicado às mães que querem compartilhar seu leite com bebês que precisam", diz Snow. De acordo com ele, uma grande porcentagem das doadoras do site são submetidas a exames de sangue para garantir a segurança do material.

 

"Também oferecemos exames de sangue a preços menores. Além disso, explicamos como bombear, armazenar e enviar o leite. As mulheres fazem o 'dever de casa' e entrevistam umas às outras para se certificar de que o leite que está sendo compartilhado é seguro. Até porque as mães já dão esse leite a seus filhos", acrescenta.

 

Snow afirma, ainda, que o estoque dos bancos de leite é "extremamente limitado e caro", o que torna as opções quase nulas se não houver sites com esse. Ele diz que o onlythebreast fez uma pesquisa com 14 mil mães cadastradas (a maioria nos EUA) e descobriu que 90% não teriam condições de doar o leite sem receber algo em troca – o custo serve para suprir gastos com a bomba de leite, a embalagem e o envio.

 

Sem aprovação

Apesar da aparente boa intenção, iniciativas como essa não têm a aprovação de órgãos reguladores, como a Administração de Alimentos e Medicamentos do país (FDA, na sigla em inglês) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil. Pela legislação brasileira, tecidos, órgãos e fluidos corporais – como leite, sangue e saliva – não podem ser comercializados.

 

Médicos alertam sobre o perigo de transmissão de doenças infecciosas, como HIV e hepatite C. "Acho arriscadíssimo, porque não se sabe como esse leite é coletado, a situação sorológica da mãe – se ela tem HIV ou não – e se há chances de infecção. Eu teria receio, não recomendaria para ninguém", destaca a pediatra Ana Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas em São Paulo.

 

O Ministério da Saúde, desde 1993, tem uma portaria que proíbe a chamada "amamentação cruzada", quando uma mãe dá de mamar para um recém-nascido que não seja seu. No Brasil, caso uma mulher tenha dificuldades para alimentar o filho, deve buscar orientação em um dos 212 bancos de leite e cem postos de coleta instalados no país, coordenados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nesses locais, que integram a maior rede desse tipo do mundo, o material passa por um processo de seleção, classificação e pasteurização, para ser oferecido com segurança aos bebês.

 

Antes de fazer a doação a um banco de leite, porém, a mulher precisa preencher um cadastro com uma série de perguntas. Se for identificada alguma doença infectocontagiosa ou outra coisa fora do normal nesse histórico, o caso é analisado por uma equipe especializada.

 

Benefícios do leite materno

O Ministério da Saúde e a pediatra Ana Escobar destacam que a amamentação protege a criança contra doenças infectocontagiosas, diarreia, problemas respiratórios e alergias. Além disso, ajuda no combate à mortalidade infantil, no desenvolvimento e na capacidade cerebral do bebê.

 

Em termos nutricionais, o leite materno é muito superior ao de vaca para suprir as necessidades do bebê, destaca a especialista em nutrição infantil Sonia Buongermino de Souza, professora associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

 

Isso porque as proporções de macronutrientes – proteínas, carboidratos e gorduras – contidas no leite da mãe são mais adequadas para a criança que o produto animal.

 

"O leite materno tem uma quantidade um pouco menor de proteína que o de vaca, mas não é pobre: é suficiente para atender à demanda do bebê. Além disso, o tipo de proteína faz com que o aproveitamento seja melhor, pois tem moléculas grandes que facilitam a digestão", explica.

 

De acordo com Sonia, o leite de vaca também tem mais sais minerais que o materno, o que acaba sendo uma desvantagem, porque aumenta muito a quantidade de substâncias que devem ser filtradas e eliminadas pelos rins dos bebês.

 

Campanha para doação de leite

Para incentivar a doação de leite no país, no início do mês o Ministério da Saúde lançou uma campanha nacional. A meta é suprir a demanda principalmente de bebês prematuros com baixo peso que estão internados em unidades neonatais. Segundo o ministério, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano já exporta tecnologia para países da América Latina e da África.

 

No site da Fiocruz, é possível encontrar informações sobre quem pode doar leite materno, como isso deve ser feito, como se preparar e deixar o frasco pronto para a coleta, de que forma retirar o leite manualmente e como guardar o leite para a posterior doação.

 

G1