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O impulso de devolver ou não um sorriso de outra pessoa parece depender, em parte, de quão poderoso alguém se sente e também do status social de quemdentes17102012 sorriu primeiro. Indivíduos que se acham poderosos reprimem o impulso de imitar o comportamento do outro e sorrir de volta se este tem um status elevado. Já aqueles que não se sentem poderosos tendem a devolver o sorriso de todos, independentemente do status social de quem sorriu. Essas são as conclusões de um estudo feito pelo pesquisador Evan Carr, do departamento de psicologia da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA. O trabalho de Carr foi apresentado no início da semana durante um encontro anual da Sociedade Americana de Neurociência em Nova Orleans, Louisiana.

 

Imitar o outro é um comportamento social que cumpre um papel importante no aprendizado, na compreensão e na comunicação entre duas pessoas. E Carr quis examinar como o poder e o status influenciam a imitação de expressões faciais.

 

"Já foi demonstrado que a imitação ajuda a construir relacionamentos", disse.

 

O trabalho do pesquisador revelou, em mais detalhes, como funciona esse mecanismo: "Poder e status parecem afetar a forma como, inconscientemente, usamos essa estratégia".

 

"Os resultados mostram como as hierarquias sociais com frequência se formam sem aparecer no radar – com rapidez, eficiência e sem que as pessoas se deem conta." A equipe acredita que o estudo traz contribuições importantes para pesquisas sobre emoções, relacionamentos e hierarquias sociais.

 

Imitação inconsciente

Os pesquisadores pediram a 55 participantes que escrevessem textos relatando acontecimentos agradáveis e desagradáveis de suas vidas. O objetivo era induzir no autor do texto sentimentos de poder ou da falta dele. A equipe definiu o sentimento de poder como uma sensação subjetiva que um indivíduo sente de que ele é capaz de controlar ou influenciar as ações de outras pessoas. Depois de escrever os textos, os voluntários assistiram a vídeos alegres ou tristes mostrando pessoas de status alto (por exemplo, um médico) ou baixo (como o funcionário de uma lanchonete).

 

Enquanto os participantes assistiam aos vídeos, a equipe mediu as respostas de dois músculos em seus rostos: o zigomático maior (músculo do sorriso), que eleva os cantos da boca, e o corrugador do supercílio (músculo do cenho franzido), que franze a testa. As medições permitiram que os cientistas avaliassem mudanças sutis nos músculos faciais dos voluntários, revelando que indivíduos que se sentiam poderosos apresentaram pouco movimento no músculo do sorriso em resposta a vídeos felizes que mostravam pessoas de status alto.

 

Vídeos felizes com pessoas de status baixo, porém, ativaram com muito mais frequência os músculos do sorriso em participantes que se sentiam poderosos.

 

O padrão mudou em relação a pessoas que se sentiam pouco poderosas. Nelas, o músculo do sorriso ficou ativo em resposta a vídeos felizes que exibiam pessoas de vários status sociais – ou seja, quem se sentia pouco poderoso parecia inclinado a sorrir para todos.

 

O comportamento do músculo responsável pelo cenho franzido foi o mesmo em todos os participantes: o músculo apresentou maior atividade em resposta a pessoas de status alto com cenho franzido, e também ficou ativo, embora com menor intensidade, em resposta a pessoas de status baixo com cenho franzido.

 

Para a equipe americana, os resultados sugerem que sentimentos subjetivos de poder ou ausência dele – que podem ser observados em comportamentos não verbais, como a imitação – podem ter grande impacto sobre a percepção das emoções do outro.

 

BBC