Um simples pedaço de comida que “desceu errado” pode ser muito mais perigoso do que parece. Pneumonia, bronquite, chiado no peito e até um pulmão murcho podem ser consequências invisíveis de um engasgo mal resolvido. E sim, isso pode acontecer com qualquer pessoa — de bebês a idosos.
Quando um pedaço de alimento fica preso nas vias respiratórias, ele não “some sozinho” e nem é absorvido pelo corpo. Se não for expelido com tosse ou por uma manobra correta, "pode gerar infecções sérias no pulmão", contou o pneumologista José Eduardo Afonso Júnior ao programa "Bem Estar", em 2011. (Esta reportagem é parte de uma série com as principais dicas exibidas nos mais de 15 anos do "Bem-Estar".)
E o perigo não para por aí. Alimentos pontiagudos, como ossos de frango ou espinhas de peixe, podem perfurar mucosas do esôfago, do estômago ou do intestino, levando a infecções potencialmente gravíssimas. Tudo isso pode começar com aquele engasgo que, na hora, pareceu inofensivo.
No caso de crianças, o risco é ainda maior. A pediatra Ana Escobar explica que muitas vezes, na tentativa de ajudar, os responsáveis cometem erros que podem piorar a situação. Colocar o dedo na boca da criança, por exemplo, só deve ser feito se o objeto estiver visível. Caso contrário, pode empurrar ainda mais o corpo estranho e causar uma obstrução total das vias aéreas.
O socorro certo faz toda a diferença A manobra de Heimlich, quando bem aplicada, pode salvar vidas — inclusive de grávidas, que precisam de uma versão adaptada, sem pressionar a barriga. Já para bebês, além dos tradicionais cinco tapinhas nas costas, também é possível sugar o nariz quando o engasgo é com líquido.
Outro alerta importante: mulheres grávidas podem engasgar mais frequentemente. Isso acontece porque, durante a gestação, o pulmão não se expande totalmente e a dinâmica interna do corpo muda. A recomendação é simples, mas essencial: mastigar bem, comer devagar e evitar falar enquanto se alimenta.
O cuidado também se estende aos idosos. Se o idoso engasgar e ainda conseguir tossir, o ideal é estimular a tosse e procurar atendimento médico rapidamente. Mas se a tosse não vier, a manobra de Heimlich é indispensável. Caso contrário, o risco é de parada cardiorrespiratória em poucos minutos.
Por fim, vale lembrar que nem todo “engasgo” é físico. Pessoas com ansiedade podem sentir uma falsa sensação de nó na garganta, sem nenhuma obstrução real. Além disso, sintomas de apneia do sono, como sufocamento durante a noite, podem ser confundidos com engasgo. Saber diferenciar é fundamental.
O que parece um simples acidente doméstico pode ter consequências graves e silenciosas. E, na dúvida, nunca hesite: procure um médico.
G1