A chance de sucesso na amamentação é maior quando o pai do bebê também considera isso importante, segundo um novo estudo americano, publicado no Pediatrics. O objetivo dos autores era desvendar a influência das características paternas na iniciação e na manutenção do aleitamento materno, bem como nas práticas seguras de sono da criança.
Os pesquisadores avaliaram questionários de 250 participantes do Pregnancy Risk Assessment Monitoring System (PRAMS) for Dads [Sistema de monitoramento de avaliação de risco na gravidez para pais, em tradução livre], um estudo populacional conduzido em 2018 e 2019 nos Estados Unidos que avalia necessidades de saúde de homens e suas famílias na transição para a paternidade.
A taxa de início de amamentação foi quase total, 95,4% dos bebês de pais que queriam que eles mamassem no peito. Esse número foi de 68,7% naqueles em que os pais eram indiferentes neste quesito. E essa diferença se manteve após oito semanas: o número dos bebês que continuavam sendo amamentados pela mãe foi 77,5% contra 33,3%.
Sabe-se que conseguir iniciar e manter a amamentação é um grande desafio. Para os pesquisadores, engajar pais ou parceiros e parceiras que não deram à luz na discussão sobre o aleitamento, bem como mostrar como eles podem apoiar mães e bebês, pode ser um caminho para ajudar a aumentar as taxas de aleitamento materno.
“É um período que pode ser entremeado por dificuldades, frustrações e angústia para algumas mães. Por isso o apoio da família e do companheiro é um ponto essencial para o sucesso dessa jornada”, diz a pediatra Romy Zacharias, médica coordenadora da equipe de neonatologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
“A vontade conjunta e a presença física dos pais ou companheiros que apoiem esse objetivo oferece suporte emocional nos momentos difíceis e ajuda na divisão de tarefas com os cuidados com o recém-nascido. Assim, a mãe não se sente sozinha e observamos que a amamentação se torna mais eficiente e prolongada”, avalia a médica.
Foi o que aconteceu com Robson Celestino Prychodco, de 39 anos. Ele conta que, quando a mulher engravidou, procurou fazer sua lição de casa: fez cursos, acompanhou ela nas consultas, buscou informações e se envolveu no planejamento do parto. “Sempre tive essa disponibilidade e vontade de participar”, diz.
“Depois que meu filho nasceu, procurava ajudar na organização da rotina, criar um ambiente favorável para facilitar a amamentação e dar o suporte que ela precisava, inclusive com detalhes como lembrá-la de se hidratar.” O filho Dimitri, hoje com 11 anos, mamou até depois dos dois anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento exclusivo até os seis meses de vida e, de forma complementar a outros alimentos, até os dois anos ou mais.
“Tradicionalmente o homem ocupa uma posição acessória em tudo o que envolve os cuidados com os filhos e isso não precisa ser assim. Hoje vejo o quanto a falta de um pai desde cedo afeta a vida da criança e o quanto esse envolvimento te aproxima do seu filho e da sua mulher”, conta Prychodco.
Agora eles estão começando o desmame do caçula, Ravi, que está com dois anos e quatro meses. “Minha mulher queria muito amamentar e é muito determinada. Mas acho que a qualidade da amamentação e o custo seriam diferentes se eu não tivesse me envolvido tanto”, avalia o pai.
Sono O estudo também mostrou que quase todos os pais (99%) colocavam o bebê para dormir e a enorme maioria deles (85%) conhecia a posição correta na hora do sono. No entanto, cerca de um terço desconhecia alguma das demais recomendações. Vale lembrar que o bebê deve sempre dormir de barriga para cima, no berço, em uma superfície firme. Não se deve colocar sobre almofadas ou sofás, por exemplo, nem compartilhar a cama dos pais. O berço também deve estar livre de objetos macios como travesseiros, brinquedos e pelúcias, edredons, colchas e lençóis soltos.
Agência Einstein