O calor extremo poderá matar cerca de cinco vezes mais pessoas até 2050, segundo um alerta feito por cientistas em um relatório publicado nesta quarta-feira (15).
"A saúde da humanidade está em grave perigo", afirmam os autores da edição de 2023 do documento de referência publicado anualmente pela revista médica The Lancet.
O trabalho afirma que, em um cenário de aumento médio da temperatura de 2 °C na comparação com o período pré-industrial até o fim do século, o número de mortes vinculadas ao calor poderá aumentar cerca de 4,7 vezes até 2050.
O relatório é publicado a poucos dias do início da reunião da ONU sobre o clima, a COP28 de Dubai, marcada para 30 de novembro, que pela primeira vez terá sessões dedicadas à saúde.
A análise ressalta que, em média, os habitantes do planeta foram expostos a 86 dias de temperaturas potencialmente fatais em 2022.
"Os efeitos observados atualmente podem ser apenas um sintoma precoce de um futuro muito perigoso", disse Marina Romanello, diretora-executiva do estudo.
No documento, os cientistas ressaltam que o calor é apenas um dos fatores climáticos que podem contribuir para o aumento da mortalidade.
Quase 520 milhões de pessoas a mais enfrentarão uma situação de insegurança alimentar moderada ou grave até a metade do século, segundo as projeções.
E as doenças infecciosas transmitidas por mosquitos devem continuar em propagação. A transmissão da dengue, por exemplo, pode registrar alta de 36%.
Diante dos muitos impactos, mais de 25% das cidades analisadas pelos cientistas podem ver seu sistema de saúde entrar em colapso.
"Já estamos vendo a catástrofe acontecendo para a saúde e a subsistência de bilhões de pessoas ao redor do mundo, ameaçadas por ondas de calor recordes, secas devastadoras para as colheitas, níveis crescentes de fome, surtos crescentes de doenças infecciosas, tempestades e inundações fatais", afirmou em um comunicado.
R7 com AFP