Um estudo publicado nesta terça-feira (8) na revista The Lancet Regional Health - Americas revelou que mais de 569 mil mortes em 35 países do continente americano foram relacionadas à resistência antimicrobiana em 2019, representando 11,5% das mortes globais relacionadas ao problema.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) trata a resistência aos antibióticos como uma ameaça global. Ela é causada principalmente pelo uso indevido dessa classe de medicamentos em humanos e animais, levando muitas vezes a infecções mais difíceis de tratar, internações hospitalares mais longas, custos médicos mais altos e aumento da mortalidade. “As bactérias desenvolveram resistência contra os medicamentos que inventamos para matá-las e, em vez disso, esses patógenos estão matando pessoas em taxas superiores às do HIV/Aids ou da malária”, disse em comunicado o coautor e pesquisador Lucien Swetschinski, do Institute for Health Metrics and Evaluation. De acordo com o estudo, as infecções respiratórias bacterianas, infecções sanguíneas, infecções intra-abdominais e infecções do trato urinário foram responsáveis pela maioria das mortes relacionadas à resistência antimicrobiana na região, totalizando 89% dos óbitos por infecção bacteriana.
As bactérias que mais causaram óbitos foram Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Streptococcus pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii. Esses patógenos foram responsáveis por 452 mil falecimentos em que se pôde relacionar a tratamentos com antibióticos que não funcionaram.
Os países com as maiores taxas de mortalidade associadas à resistência antimicrobiana foram Haiti, Bolívia, Guatemala, Guiana e Honduras.
Já os menores índices foram observados no Canadá, EUA, Colômbia, Cuba, Panamá, Costa Rica, Chile, Venezuela, Uruguai e Jamaica.
Os pesquisadores observaram que os nove países com maior mortalidade associada à resistência antimicrobiana não tinham um plano de ação ou não o haviam publicado.
Eles mostraram que, em contrapartida, Chile, Colômbia, Costa Rica e Estados Unidos tinham diretrizes específicas para lidar com a questão.
“Se os formuladores de políticas, médicos, cientistas e até mesmo o público em geral não implementarem novas medidas agora, essa crise global de saúde piorará e poderá se tornar incontrolável", alertou Swetschinski.
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