Um estudo revelou a relação entre a inflamação no hipotálamo – uma parte do cérebro que regula o equilíbrio energético e a sensação de fome – e o consumo de dietas ricas em gordura.
As dietas ricas em gordura têm sido associadas a um ciclo vicioso difícil de interromper, no qual a inflamação do hipotálamo aumenta o apetite, levando ao consumo excessivo de alimentos e ao ganho de peso. No artigo, publicado na revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), pesquisadores da Memorial University of Newfoundland, no Canadá demonstraram que as dietas ricas em gordura ativam a prostaglandina E2 (PGE2), uma molécula que regula processos do sistema imunológico, como a febre.
A PGE2, por sua vez, ativa o hormônio MHC no hipotálamo, causando sensação de fome. Esse mecanismo pode explicar por que a inflamação no cérebro pode levar tanto ao ganho excessivo de peso quanto à perda de peso.
Se a concentração de PGE2 for alta, causando uma inflamação intensa, ocorre perda de apetite; no entanto, se a concentração for mais baixa, o apetite aumenta. O principal autor do trabalho, o pesquisador Michiru Hirasawa reconhece que prever os resultados da inflamação não é fácil, pois sua intensidade pode variar, podendo ser aguda ou crônica e envolver diferentes órgãos, células e moléculas.
No entanto, ele sugere que reduzir a inflamação pode aliviar os sintomas associados a diferentes doenças.
O cientista menciona a dieta mediterrânea como um exemplo de estratégia anti-inflamatória que pode ajudar na perda de peso em pessoas com sobrepeso ou obesidade.
É importante ter cautela ao usar tratamentos anti-inflamatórios, pois a inflamação também é necessária para o funcionamento diário do corpo, como cicatrização de feridas e combate a infecções.
Em um contexto em que as projeções indicam que, em menos de uma década, até 80% dos homens e 55% das mulheres estarão com sobrepeso ou obesidade, e quando os medicamentos para perda de peso estão se tornando populares, a descoberta de alvos terapêuticos contra a compulsão alimentar é de grande interesse.
Hirasawa acredita que esses achados podem levar a tratamentos para a obesidade no futuro. No entanto, ele ressalta a importância de identificar possíveis efeitos colaterais e testar a segurança desses tratamentos antes de sua utilização.
R7