As emoções são reações de interpretação do cérebro mediante a interpretação de situações vividas, desencadeadas por estímulos rápidos, que envolvem a liberação de hormônios e neurotransmissores. De acordo com a psiquiatra Julia Trindade, membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), controlar as emoções é, sim, possível. No entanto, ela ressalta que o controle não significa negar ou suprimir o que está sendo sentido. "O controle emocional está mais relacionado à habilidade de compreender, expressar e gerenciar nossas emoções de maneira saudável. Todas as emoções têm sua função e valor".
Possíveis descontroles podem apresentar algumas características, as quais podem ser percebidas por quem sente ou por pessoas de fora. Sinais como agitação, como comportamentos impulsivos ou perigosos, expressões intensas de emoção, irritabilidade e declarações de desesperança ou desamparo podem ser notados. A partir disso, é possível auxiliar, oferecendo suporte emocional, escutando a pessoa e incentivando a busca de ajuda.
A terapeuta sistêmica Michele Castro alega que, para amenizar emoções extremas no momento em que elas são sentidas, é importante que a pessoa busque estratégias que visem acalmar, como a respiração profunda, mindfulness (atenção plena), prestando atenção ao momento e situação e reconhecendo e aceitando a emoção sentida, meios de expressão emocional pela arte ou escrita, além da busca de ajuda especializada com psicólogos e terapeutas.
As estratégias adotadas podem diferir conforme a emoção. As especialistas exemplificam: para a ansiedade, são recomendadas técnicas de relaxamento, de respiração e de atenção plena; para a tristeza, busca de atividades prazerosas, atividades físicas, conexões sociais e apoio emocional; já a frustração pode ser lidada com a mudança de perspectiva, reconhecimento e a reestruturação de pensamentos disfuncionais. Já no calor do momento, é recomendado que a pessoa se distancie da situação estressora, evitando comportamentos impulsivos e buscando a reflexão.
Ainda, são recomendadas abordagens terapêuticas, como o TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) e o DBT (Terapia Dialética Comportamental), ensinando a pessoa a lidar e regular melhor as emoções a partir do entendimento delas. "Estas técnicas podem envolver o reconhecimento e reestruturação de pensamentos disfuncionais, a prática de habilidades de regulação emocional e a aceitação das emoções. E em casos em que a terapia não é suficiente, ainda temos a opção de utilizar opções que envolvem medicações específicas", afirma Julia.
A inteligência emocional é chave para lidar com tais situações. "Para desenvolvê-la [inteligência emocional] e lidar com emoções extremas, é importante investir no autoconhecimento, cultivar a capacidade de identificar e expressar emoções de forma saudável, buscar apoio profissional, praticar o cuidado pessoal, como exercícios físicos e meditação, e desenvolver habilidades de autorregulação emocional através de técnicas terapêuticas e de autodesenvolvimento", afirma Michele.
"A questão não é evitar ou eliminar as emoções, mas aprender a gerenciá-las de maneira saudável. Emoções intensas ou desafiadoras podem nos fornecer informações valiosas sobre nós mesmos e nosso ambiente, e aprender a navegar por elas pode nos tornar mais resilientes e adaptáveis. Além disso, é sempre importante procurar ajuda profissional quando a intensidade emocional se torna esmagadora ou interfere na qualidade de vida", finaliza a psiquiatra.
R7