A ansiedade é uma emoção que gera uma série de alterações – coração acelerado, pensamentos rápidos e respiração ofegante são algumas das mais comuns – que podem até ser confundidas com problemas de saúde.
Mas esse auge do estresse também costuma ter sinais que nem sempre são associados ao estado emocional. Um deles uma vontade persistente de urinar.
De acordo com a psiquiatra Julia Trindade, membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o pico de ansiedade pode provocar excesso de vontade de urinar, náuseas, suor excessivo, dores de barriga e desconfortos gastrointestinais, tremores, tensões musculares e dificuldade para dormir. Isso acontece porque há uma ativação do sistema nervoso simpático, comandado pelo sistema nervoso autônomo, que libera hormônios relacionados ao estresse – cortisol e adrenalina –, os quais afetam funções do corpo, como a regulação de sistemas digestivo, cardiovascular e urinário.
"Essas manifestações fisiológicas ocorrem porque o corpo reage à ansiedade como se estivesse enfrentando uma ameaça. A ativação do sistema nervoso simpático desencadeia uma cascata de reações físicas para preparar o corpo para a ação", complementa a psiquiatra Jessica Martani.
No caso do xixi, a ansiedade pode interferir na função da bexiga e na percepção do órgão quanto à sensação de urgência, além de maior sensibilidade. O psiquiatra Eduardo Perin explica que o controle do esfincter urinário (estrutura muscular que controla a passagem de substâncias no corpo) e do relaxamento da bexiga para urinar está ligado ao sistema nervoso autônomo e, por tal ativação, há também o aumento da vontade de ir ao banheiro.
Os especialistas alegam que essas reações fisiológicas podem desencadear mais ansiedade e virar um ciclo, até piorando a situação.
"Por exemplo, a sensação de urgência urinária pode aumentar a preocupação e o desconforto, intensificando ainda mais a ansiedade. A pessoa começa a ter medo de ter vontade de urinar, com 'gotículas' e sensação de não ser capaz de segurar a urina em situações de estresse, e esse medo ativa o sistema nervoso simpático", afirma Julia. Em alguns casos, a sensação provocada pela ansiedade pode ser de tanta urgência a ponto de provocar escapes de urina.
Para evitar e contornar tais situações, são recomendadas a adoção de técnicas de relaxamento e controle de ansiedade, prática de exercícios físicos, gerenciamento de estresse, exercícios de respiração, adoção de uma alimentação saudável, evitar o uso de álcool e caféina e ter um sono adequado.
Ainda, orienta-se a busca por auxílio psicológico, avaliando a necessidade medicamentosa e terapêutica.
R7