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  Pessoas que vivem com apneia do sono – condição em que a respiração é interrompida por alguns segundos no meio da noite – estão mais suscetíveis a uma série de problemas relacionados ao cérebro, como derrame, doença de Alzheimer e declínio cognitivo, revelou um estudo publicado na quarta-feira (10), na revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia.

Os pesquisadores analisaram 140 indivíduos com apneia obstrutiva do sono. A idade média deles era de 73 anos – 32% tinham quadro considerado moderado e 34%, grave. Todos também foram submetidos a uma varredura cerebral e a um estudo noturno em laboratório do sono.

Verificou-se que nenhum deles tinha problema cognitivo no início e também não desenvolveram demência até o final do estudo.

A verificação da tendência de desenvolver problemas cerebrais se deu por meio da análise de biomarcadores da substância branca do cérebro que sugerem essa relação.

O fato de os pacientes terem menos tempo em sono profundo tem uma relação com a predisposição a doenças cerebrovasculares.

"Esses biomarcadores são sinais sensíveis de doença cerebrovascular precoce. [...] Descobrir que a apneia do sono grave e uma redução no sono de ondas lentas estão associadas a esses biomarcadores é importante, pois não há tratamento para essas alterações no cérebro, por isso precisamos encontrar maneiras de impedir que elas aconteçam ou piorem", afirma o autor do estudo, Diego Z. Carvalho, da Mayo Clinic, em Rochester, nos Estados Unidos.

Na análise laboratorial noturna, os pesquisadores examinaram quanto tempo os pacientes permaneciam no sono de ondas lentas, também chamado de profundo ou não REM.

Este é considerado um dos melhores marcadores de qualidade do sono.

Os autores do estudo descobriram que para cada 10 pontos na diminuição da porcentagem de sono profundo, aumentou a quantidade de hiperintensidades da substância branca, algo que na praia significa ser 2,3 anos mais velho.

O efeito foi ainda mais evidente em quem tinha apneia do sono severa.

Os pesquisadores ressaltam que o estudo não estabelece uma relação direta entre a apneia do sono e uma piora da saúde cerebral, mas deixam claro que se constatou uma associação.

“Mais pesquisas são necessárias para determinar se os problemas de sono afetam esses biomarcadores cerebrais ou vice-versa. [...] Também precisamos verificar se as estratégias para melhorar a qualidade do sono ou o tratamento da apneia do sono podem afetar a trajetória desses biomarcadores", finaliza Carvalho.

A apneia do sono é uma condição bastante comum, especialmente em adultos mais velhos e em pessoas com certos fatores de risco, como obesidade e histórico familiar da doença.

Estimativas sugerem que a apneia do sono afeta cerca de 3% a 9% das mulheres e 10% a 25% dos homens adultos em todo o mundo.

Muitas pessoas não têm o diagnóstico da doença, que é associada a outros problemas de saúde, como hipertensão arterial, por exemplo.

R7