• Hospital Clinicor
  • Vamol
  • Roma

As redes sociais já fazem parte da rotina dos adolescentes. As plataformas facilitam o contato e as interações desse público com outras pessoas, porém, pesquisadores descobriram que elas também podem estar ligadas a alterações cerebrais significativas.

adolescente

A pesquisa, publicada na revista Jama Pediatrics e realizada por cientistas do Winston Center, analisou 169 adolescentes de 12 anos que usavam o Facebook, Instagram e Snapchat. Por meio de capturas de tela dos celulares, os pesquisadores encontraram um dado um tanto quanto assustador: os adolescentes atendiam os telefones, em média, cem vezes e passavam 500 minutos, cerca de oito horas, no celular todos os dias.

Eles então observaram que essa verificação exagerada das mídias sociais interferia no neurodesenvolvimento. Em termos científicos, o estudo constatou que esses adolescentes tiveram um aumento da amígdala esquerda e direita do cérebro (responsáveis por processar as emoções), na ínsula anterior direita (ligada à percepção afetiva de empatia com o próximo), no corpo estriado ventral (envolvido na regulação do comportamento emocional) e no córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (entre suas funções estão regulação e controle cognitivo e emocional, controle da atenção e planejamento temporal).

Isso significa, de forma prática, que essa parcela da população está ficando, por exemplo, menos sensível às interações sociais (mais solitária e menos conectada com seus colegas). A checagem habitual das mídias sociais está mudando a maneira como o cérebro do adolescente responde ao ambiente.

A fase da adolescência é o momento em que o cérebro passa por uma reorganização estrutural e funcional. Isso torna a pessoa mais hiperativa e preocupada com a validação social, especialmente de amigos, e as redes sociais podem estar intensificando essa situação — o que explicaria o uso contínuo.

Além disso, a relevância dada às plataformas pode prejudicar a criação de um controle cognitivo e, consequentemente, as condições para regular seus comportamentos e emoções.

A exposição à interatividade dessas mídias também acaba reduzindo a capacidade desse público de resistir aos impulsos e aumenta a resposta neural a situações que estejam relacionadas ao ganho de recompensas, como as curtidas e notificações. Essa relação aumenta a dependência das redes.

R7

Foto: Freepik