A Assembleia Legislativa realizou na manhã desta quarta-feira (9), no Cine Teatro, uma audiência pública para discutir a grave situação da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), onde falta estrutura, o pagamento de terceirizados está atrasado há quatro meses e mais de 600 disciplinas permanecem sem professores. A audiência pública foi solicitada pelos deputados Teresa Britto (PV) e Gustavo Neiva (PSB).
Teresa Britto disse que o caminho para solucionar os problemas da Uespi é buscar a autonomia financeira da instituição, com o repasse dos recursos aprovados pela Assembleia Legislativa para o exercício de 2020.
Teresa Britto lembrou que na primeira audiência pública realizada na Assembleia Legislativa para discutir os problemas da Uespi, o Governo do Estado tentou esvaziar o debate e assim ganhar tempo. A situação só piorou de lá para cá. Hoje todos lutam pela sobrevivência da Uespi e o governo está ausente da audiência pública, reclamou.
A deputada disse que a Uespi não tem biblioteca e existe evasão escolar e o lixo toma de tudo. Na audiência, alunos do campus de Oeiras exibiram cartazes em defesa da instituição.
Teresa Britto também cobrou o duodécimo da Uespi para o exercício de 2020 e defendeu a realização de concurso público e planejamento para atualizar o salário dos servidores da instituição. “O governo do estado precisa reduzir os cargos comissionados. Se for preciso defenderemos até uma ação civil pública para resolver a situação da Uespi”, avisou.
O deputado Gustavo Neiva (PSB) disse que falta estrutura à Universidade Estadual do Piauí. “A Assembleia Legislativa busca soluções e independência financeira para Uespi planejar e executar suas atividades, porque hoje a situação é grave”, avaliou.
Orçamento da Uespi não vem sendo cumprido pelo governo
Os professores Janete Brito e Antônio Dias, representantes da Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Piauí (Adcesp), pediram aos deputados estaduais que apóiem a campanha “Não deixem a Uespi morrer” iniciada este ano pelos professores, alunos e servidores da instituição.
Janete Brito disse que a situação da Uespi começou a ficar difícil em 2012. Ela acusou o Governo do Estado de não cumprir acordo feito com a comunidade universitária para melhoria das condições estruturais da instituição.
“As coisas só estão piorando, pois os professores não recebem reposição salarial, as bibliotecas se encontram deterioradas e os campi, principalmente, no interior, estão abandonados”, denunciou.
A representante da Adcesp confirmou que quase 600 disciplinas não têm professores e que os servidores terceirizados se encontram com os salários atrasados, bem como o pagamento das bolsas estudantis.
Janete Brito defendeu a autonomia financeira da Uespi, afirmando que a garantia de recursos orçamentários próprios possibilitará a melhoria do funcionamento da universidade.
O professor Antônio Dias afirmou que os gestores da Universidade Estadual precisam entrar na luta em defesa da instituição, o que, segundo ele, não vem ocorrendo nos últimos anos. O professor afirmou que tomou conhecimento de que o governo pretende aumentar a carga horária dos professores para reduzir a necessidade dos profissionais em sala de aula e cobrou a nomeação de 26 aprovados em concurso público realizado pela Uespi.
O diretor do Campus Clóvis Moura, Renê Aquino, disse que, além de autonomia financeira, a Uespi precisa ter autonomia administrativa. E denunciou que alunos têm sido obrigados a arrecadar dinheiro, promovendo rifas para pagar o transporte quando precisam realizar tarefas em locais distantes do campus.
Renê Aquino criticou a ausência de secretários estaduais na audiência pública, dizendo que “isso mostra o descaso das autoridades do Governo com a nossa Uespi”.
Professores defende autonomia financeira da Uespi
Os professores de vários campus da Universidade Estadual do Piauí fizeram coro para exigir que a Lei que garante os 5% do Orçamento do Estado para a Educação seja cumprido.
Segundo o professor Arnon Dias, do campus da Universidade em Oeiras, cobrou que o Governo cumpra a Lei. "O Governo do Estado só se preocupa em cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. E as demais leis? Os cursos de Pedagogia e Letras em Oeiras estão para ser fechados no ano que vem. O curso de Matemática não tem professor e o novo campus em Oeiras que era para ser inaugurado em 2017 ainda hoje está em construção. Mas o Governo não cumpre a lei para destinar os recursos que são de direito da UESPI", lamentou
Para o coordenador do curso de Medicina da instituição, professor Edinaldo Gonçalves, a UESPI não recebe os recursos que lhe são de direito por não servir à política partidária e eleitoreira. "Se a UESPI tiver que se sujeitar a política, apoiando deputados, nunca vai receber dinheiro mesmo. Mas nós vamos lutar até o fim", prometeu o professor.
Já a estudante Talita Correia, do Diretório Central dos Acadêmicos da Uespi, citou os últimos acidentes que aconteceram com estudantes da universidade e falta de estrutura como causa dos mesmos. "Os estudantes de Corrente sofreram um acidente na última semana, que poderia ter sido evitado se a UESPI oferecesse assistência aos seus alunos. Todos os dias eles tem que se descolar para a Bahia para estudar e sofreram um acidente na estrada. Aqui em Teresina, uma árvore caiu no teto de uma sala de aula do campus Clóvis Moura. Nós estamos em perigo todos os dias para estudar. Mas o Governo pediu um empréstimo, o FINISA, e cadê esse dinheiro?", questionou a estudante.
Carlos Eduardo, do Sindicato dos Técnicos da Uespi, afirma que o governo nunca cumpriu com os acordos para reajuste dos salários da categoria. "Se a UESPI está se acabando, os técnicos já iniciaram esse processo. A maioria desistiu de seu trabalho por conta da falta de valorização", disse.
A deputada Teresa Britto (PV) leu, durante a audiência, uma carta enviada pelo chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Fazenda, justificando a ausência de representante da Sefaz, por conta de agenda prévia. A deputada classificou a carta como falta de compromisso.
Alepi