O colombiano Ricardo Vélez Rodriguez foi exonerado nesta segunda-feira, 8, do cargo de ministro da Educação. A decisão foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) pela sua conta oficial no Twitter. Na última sexta-feira, 5, Bolsonaro já havia sinalizado que poderia demiti-lo. O presidente também anunciou seu substituto: Abraham Weintraub.
Reportagem publicada por VEJA em março deste ano mostrava que o MEC era o epicentro do pandemônio no governo federal. Os projetos estavam emperrados, as brigas ideológicas atravancam decisões, as demissões ocorriam em série — e a educação, um dos temas mais importantes da agenda nacional, estava à deriva.
No segundo dia de governo, o primeiro “mal-entendido” acontecia no ministério: um edital que alterava as regras para compras de livros didáticos foi publicado. O documento previa que as obras não precisassem mais de referências bibliográficas e que erros eram permitidos. Também foram revogados itens que falava sobre a diversidade cultural brasileira e a violência contra mulheres.
O edital foi anulado no mesmo dia que foi divulgado pela imprensa (9 de janeiro) e o ex-ministro culpou o governo anterior de Michel Temer (MDB). Após a polêmica, Vélez exonerou o chefe de gabinete do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Rogério Fernando Lot, e outras nove pessoas que ocupavam cargos comissionados no órgão.
Após a polêmica, a série de exonerações começaram a acontecer. O economista Murilo Resende Ferreira foi indicado para o cargo de coordenador do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no dia 16 de janeiro e foi demitido um dia depois. Em cem dias do novo governo, o MEC já havia registrado dezessete baixas em cargos de alto escalão. Funcionários do ministério de médio e baixo escalões identificados como “petistas” também foram afastados.
E, então, Vélez deu uma entrevista para a VEJA comentando sobre a faxina ideológica no ministério. Em uma das respostas, quando perguntado sobre a educação moral e cívica voltar ao currículo, o ex-ministro afirmou que “O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola”. Ele recebeu uma notificação do STF e precisou dar explicações sobre a declaração.
O ex-ministro que se posicionava contra às ideologias marxistas nas escolas, assim como Bolsonaro, anunciou que iria criar uma comissão para analisar as questões do Enem. Esse grupo foi instaurado em março pelo Inep com o objetivo de “verificar a sua pertinência [do Enem] com a realidade social, de modo a assegurar um perfil consensual do Exame”.
Também para combater tais ideologias, Vélez enviou cartas a diretores de escolas pedindo para que eles filmassem alunos cantando o Hino Nacional e determinando a leitura de mensagem com o slogan de campanha de Bolsonaro “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
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Foto: Pedro Ladeira