O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, reuniu-se na manhã desta quinta-feira (4) com o presidente da República Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, para uma conversa sobre a reforma da Previdência.
Em coletiva de imprensa após a reunião, realizada a convite de Bolsonaro, Alckmin reiterou a “total independência” do partido em relação ao governo Bolsonaro e descartou qualquer troca de votos por cargos.
“O PSDB tem uma postura de independência em relação ao governo. Não há nenhum tipo de troca. Não participaremos do governo. Não aceitamos cargos no governo e votamos com o Brasil. Aquilo que a gente entende que é importante para o país, para voltar a crescer, ter emprego, ter renda, o partido vai votar favorável. Aquilo que a gente entender que não é justo, nós votaremos contra”, disse.
Geraldo Alckmin ressaltou a necessidade da reforma para o Brasil, mas defendeu que a Previdência seja sem privilégios e que priorize a justiça social e fiscal. O tucano antecipou que o partido não concorda com as alterações propostas pelo governo nos pontos sobre o benefício de prestação continuada (BPC) e sobre a aposentadoria rural.
"O que é importante na reforma é idade mínima e tempo de transição. (Sobre) BPC, somos contra, como também a questão rural. Se há uma diferença de idade na área urbana, por que não há na área rural?", observou.
Acompanharam Alckmin na reunião, o líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA), e o secretário-geral do partido, Marcus Pestana (MG).
Seguem os principais trechos da entrevista coletiva:
Reunião com Bolsonaro
“Nós recebemos um convite do presidente. Viemos ouvi-lo. Venho conosco o líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha, o Marcus Pestana, secretário-geral do partido. Ouvimos o presidente. O diálogo é importante. Política precisa ser feita com civilidade. Conversamos sobre a reforma da Previdência. Coloquei claramente que a posição do PSDB sempre foi da necessidade de se fazer a reforma da Previdência. Nós temos compromisso com o Brasil, com o interesse público e a reforma da Previdência precisa ser centrada em dois objetivos: o primeiro em justiça social. Não é possível permitir privilégios e é preciso proteger aqueles que mais precisam. Tem que ter um foco na justiça social. E de outro lado, fiscal. Também não é possível ter mais de 5% do PIB de déficit somando o regime geral da Previdência e os regimes próprios dos governos.
Nós temos um sistema de distribuição de renda que é o regime geral de previdência. São mais de 33 milhões de aposentados e pensionistas. 70% ganha um salário mínimo e a média é R$1.390 e ninguém ganha mais que R$5 mil. E temos um outro de concentração de renda que é o setor público. Altos salários pagos pelo trabalhador de menor renda através de impostos indiretos, por isso, sempre defendi o regime geral de Previdência Social. O regime igual para todos. Em São Paulo já fiz desde 2011 a previdência complementar. Então, a partir da nova lei, todos os funcionários novos, eles só vão aposentar com o teto do INSS e terão a sua complementação através da Previcom. E não será benefício definido, é contribuição definida”.
Reforma da Previdência e o PSDB
“O que é importante na reforma?
É idade mínima e tempo de transição. Isso que é importante. A reforma é muito complexa, muito detalhista, muito longa, por exemplo, nós não aprovaremos nenhum benefício menor que um salário mínimo. Aliás, o nome já diz, é mínimo o salário. Você pode ter mais alto. Em São Paulo, por exemplo, o piso é maior que um salário mínimo, respeitando as questões regionais”.
“O BPC não é. Nós somos contra. Como também a questão rural. Se há uma diferença de idade na área urbana, porque que não há na área rural?”
Independência do PSDB
“O PSDB tem uma postura de independência em relação ao governo. Não há nenhum tipo de troca, não participaremos do governo, não aceitamos cargos no governo e votamos com o Brasil. Aquilo que a gente entende que é importante para o país, para voltar a crescer, ter emprego, ter renda, o partido vai votar favorável. Aquilo que a gente entender que não é justo, nós votaremos contra”.
Não houve convite para ingresso na base governista
“Nem se tocou nesse assunto”.
“A conversa foi mais sobre a questão das reformas. Essa é a primeira das reformas estruturantes que o Brasil precisa. Uma reforma necessária, importante. O PSDB tem compromisso com ela, mas dentro desse foco de justiça social e fiscal”.
“Não foi feito nenhum convite para o PSDB participar da base e nós já temos a nossa posição tomada desde o início de total independência e sem participar do governo”.
Velha e nova política
“Não existe nova e velha. Existe boa e má política. É isso que existe. Boa política não envelhece. Tem boa e má política. Boa política tem que se fazer focado no interesse coletivo, no interesse público”.
“O presidente me cumprimentou dizendo: votei em você nas últimas eleições”. (Risos)
“Quanto mais a gente ouve, menos a gente erra. O caminho é o diálogo. Política é diálogo. Não é troca-troca. Mas, é dialogo. Saber ouvir é uma grande virtude. Dr. Ulisses que era um estadista, ele dizia sempre que o homem tem dois ouvidos e uma boca sempre para ouvir mais do que fala. Então, ouvir é importante na política”.
“Foi uma boa conversa sobre as questões do Brasil, que vive um momento difícil e, de outro lado, a necessidade das reformas. Política precisa ser feita com civilidade. Dr. Ulisses já dizia: Não se guarda ressentimentos na geladeira”.
Acesse aqui o áudio da entrevista.
Assessoria de Comunicação
Executiva Nacional do PSDB