A Justiça Federal em Alagoas condenou, após três dias de julgamento, os acusados de matar a deputada federal Ceci Cunha - assassinada a tiros, com três parentes, em 16 de dezembro de 1998, no bairro da Gruta de Lourdes, em Maceió. O suplente de Ceci, Talvane Luiz Gama de Albuquerque Neto, foi apontado como co-autor do crime e condenado a 103,4 anos de prisão por homicídio qualificado, sem possibilidade de defesa das vítimas, "para garantir o mandato de deputado federal". Ele terá ainda de pagar R$ 100 mil de indenização aos filhos de Ceci.
Os assessores de Talvane também foram condenados à prisão pelos crimes: Jadielson Barbosa da Silva pegou 105 anos; Alécio César Alves, 87,3 anos; Mendonça Medeiros, 75,7 anos, e José Alexandre dos Santos, 105 anos. A Justiça pediu a prisão preventiva de todos.
O julgamento durou três dias. Pela primeira vez, defesa e acusação cruzaram as diferentes versões sobre o mesmo crime: a "chacina da Gruta", que matou Ceci, seu marido - Juvenal Cunha-, o cunhado, Iran Carlos Maranhão, e a mãe dele - Ítala Maranhão, em 16 de dezembro de 1998.
Os autores materiais do crime foram os assessores dele: Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves, Mendonça Medeiros e José Alexandre dos Santos. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Talvane queria matar Ceci para assumir o mandato.
Em três dias, lágrimas de acusados e acusadores; referências a torturas das polícias civil e federal; a participação do ex-governador de Alagoas, Manoel Gomes de Barros; do senador Renan Calheiros (então ministro da Justiça), supostas pressões a integrantes do Judiciário.
"Essa é a defesa da gritaria, da fumaça, temos laudos que atestam que não houve tortura. Onde estão as marcas?", perguntou o representante do Ministério Público Federal, Rodrigo Tenório, classificando a participação do ex-governador, de Renan ou pressões do TJ de "fantasias".
Já o advogado da defesa, Welton Roberto, citou como testemunhas na trama policiais mortos por pistolagem e o testemunho de Wolkmar dos Santos - morto a tiros em 2005, na cidade de Marechal Deodoro, a 20 km de Maceió: ele cita o ex-governador Manoel Gomes de Barros como principal interessado na morte de Ceci Cunha. "O Talvane é um louco, um psicopata", disse o ex-governador.
"Este júri tem provas para acabar com a impunidade neste crime", afirmou o procurador da República, Rodrigo Tenório. Além de defender a tese de que "Talvane mandou matar Ceci Cunha", Rodrigo Tenório procurou mostrar que o assassinato foi em ato de covardia: "Ceci tomou um tiro de calibre 12 pelas costas", disse o procurador da República.
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