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Um esquema criminoso que operava nas entranhas do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) começa a ser desvendado com base em documentos inéditos e investigações conduzidas pela Polícia Federal, obtidos com exclusividade pela Coluna.

O inquérito produzido pela PF revela uma teia sofisticada de manipulação de decisões judiciais por meio de fraudes no sistema eletrônico do Judiciário (PJe) e do uso indevido de credenciais oficiais de magistrados.

As investigações tiveram origem em um inquérito instaurado pela Polícia Civil do Piauí, inicialmente para apurar crimes de invasão de dispositivo informático e fraude processual, que resultou na deflagração da chamada Operação Usuário Zero. O que se descobriu, no entanto, foi um esquema muito mais complexo: operadores internos e externos do TJ-PI acessavam indevidamente o sistema eletrônico de processos judiciais (PJe), utilizando e-mails falsos vinculados a usuários reais da Corte, a fim de inserir decisões judiciais forjadas, com o objetivo de beneficiar advogados e partes específicas.

O nome do desembargador José James e a quebra de sigilo telemático

Em razão da necessidade de se investigar um membro do Tribunal de Justiça do Piauí, a Polícia Civil compartilhou os elementos de provas angariados no competente inquérito com a Polícia Federal, que iniciou sua investigação, sob determinação do Superior Tribunal de Justiça.

Foto: Lucas Dias/GP1

Desembargador José James

Desembargador José James

A partir da quebra de sigilo telemático autorizada judicialmente, a Polícia Federal identificou a participação direta de João Gabriel Costa Cardoso (preso na Operação Usuário Zero), ex-assessor de magistrado e com passagem pelo gabinete do desembargador José James Gomes Pereira, atualmente afastado de suas funções públicas por decisão do STJ.

“Esquema-TJPI.pdf”

Um dos documentos mais comprometedores encontrados pela PF foi um e-mail enviado pelo próprio João Gabriel a si mesmo, contendo um arquivo nomeado “Esquema-TJPI.pdf”. Nele, o ex-assessor detalhou o funcionamento da fraude e admitiu o uso indevido do token de assinatura digital do desembargador José James para validar despachos, decisões e sentenças em nome do magistrado — o que configura não apenas violação de sigilo funcional, mas também possível prática de falsidade ideológica e corrupção.

Capturas de tela anexadas ao documento revelam conversas por aplicativos de mensagens que reforçam o vínculo entre os envolvidos e o conhecimento da trama por parte do desembargador.

Participação direta da filha do desembargador

Outro nome citado com destaque nas investigações é o da advogada Lia Rachel de Sousa Pereira Santos, filha do desembargador José James. Segundo a investigação produzida pela PF, ela exercia influência direta sobre os processos, determinando quais ações deveriam ser incluídas ou priorizadas no fluxo do gabinete do pai. Mais grave ainda: há indícios de que ela orientava o conteúdo das decisões judiciais, em franca violação dos princípios de imparcialidade e independência judicial.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Advogada Lia Rachel, filha do desembargador

Advogada Lia Rachel, filha do desembargador

As provas reunidas incluem trocas de mensagens, manuscritos e registros de interações entre Lia Rachel e operadores do esquema, demonstrando não apenas sua ciência, mas participação ativa na engrenagem criminosa.

O impacto no Judiciário e os próximos passos

As revelações lançam luz sobre um dos maiores escândalos de corrupção no Judiciário piauiense. A complexidade do esquema e a participação de figuras-chave do Tribunal colocam sob pressão todos os investigados.

P.S: Esta reportagem não generaliza condutas e reafirma o compromisso de respeito institucional com o Poder Judiciário do Estado do Piauí. As informações dizem respeito a fatos apurados e, supostamente, praticados por indivíduos específicos, atualmente sob investigação.

gp1