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Setembro amarelo: projetos aprovados podem gerar políticas de prevenção ao suicídioNa próxima terça-feira (10), a partir das 8 horas, o Serviço Social da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) e o Serviço de Apoio à Ação Social da Presidência (Seasp) realizarão ação alusiva ao Setembro Amarelo. O 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e, no Brasil, foi criada essa campanha, período no qual são promovidos debates acerca do tema. A Alepi tem atuado na conscientização sobre o assunto, com aprovações de leis e realização de eventos.


A deputada Gracinha Mão Santa (Progressistas) propôs, em 2023, projeto que busca instituir uma campanha permanente no Piauí de valorização da vida e da família, denominada “Basta: autolesão, depressão e suicídio”. A intenção é que sejam realizadas, durante todo o ano, ações com a finalidade de, por exemplo, sensibilizar e promover o debate sobre o suicídio; reduzir as taxas de comportamentos suicidas, como a automutilação; e buscar mecanismo de aprimoramento da política de atendimento à saúde mental.


“Apesar dos investimentos feitos, ainda há necessidade de muitos esforços para enfrentar esse grave problema de saúde pública ainda pouco debatido, tendo em vista a crença de que falar sobre o suicídio incentiva novas práticas. Esse argumento não se sustenta, pois discutir o problema gera caminhos de solução a depender da forma como se aborda o tema. A discussão responsável com foco na resolução traz mecanismos de sensibilização e prevenção”, argumenta a parlamentar.



Lei garante existência de programas de combate à depressão

Nessa perspectiva de conscientização sobre o assunto, foram aprovadas na Alepi a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate à depressão, à automutilação e ao suicídio no projeto pedagógico das escolas públicas. Em 2019, por exemplo, por iniciativa do deputado Gessivaldo Isaías, foi aprovada no Legislativo piauiense a criação da Semana de Conscientização.


As medidas educativas nas escolas foram propostas por Flávio Nogueira Jr. e tornaram-se a Lei 7.349/20. À época, o deputado informou que, entre 2007 e 2016, “foram registradas 106.374 mortes por suicídio, sendo que, em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes, com 11.433 mortes por essa causa, o que corresponde ao dado alarmante de um suicídio a cada 46 minutos”.


Artigo recente publicado na The Lancet, intitulado “The rising trends of self-harm in Brazil”, que analisou as taxas de autolesões e de suicídio no Brasil entre 2011 e 2022, indicou que as autolesões aumentaram em todas as regiões do Brasil nesse período, assim como a de suicídio, que cresceu, em média, 3,7% ao ano.

Tendo em vista esse número crescente e a busca por melhor compreensão sobre o assunto, como também disponibilizar melhor acompanhamento, o Legislativo piauiense aprovou matéria, transformada na Lei 7.338/20, de autoria do deputado Severo Eulálio, que criou a notificação compulsória dos casos de tentativa de suicídio atendidos em estabelecimentos públicos e privados da rede de saúde estadual. A matéria indica que a notificação deve ser feita em até 48h e que os profissionais informem a possível motivação de cada caso, a fim de identificar situações de bullying e outros tipos de violência.

 

Deputado defende mais acesso a consultas com especialistas 


O deputado Dr. Vinícius Nascimento, médico e líder do Governo na Alepi, disse que é importante que todos nós façamos nossa parte, como escutar as pessoas que nos procuram. “Às vezes uma mensagem de um amigo, que há muito tempo não lhe manda, e chegou a mensagem dizendo ‘eu quero falar contigo’, às vezes é um momento crucial na vida dele”, afirmou.

Dr. Vinícius Nascimento explicou também que, além dessas campanhas, é preciso disponibilizar à população acesso a consultas com psiquiatras e psicólogos. Ele destacou o Programa Piauí Saúde Digital, que, por telessaúde, “universalizou o atendimento de psiquiatria e psicologia. Então você tem em todas as unidades básicas, já em 200 municípios, atendimento por saúde digital com psiquiatra e psicólogo”.


O apoio profissional é fundamental para avaliar e acompanhar o risco de suicídio, como explicam José Bertolote, Carolina de Mello-Santos e Neury Botega, em artigo publicado na Brazilian Journal of Psychiatry. “A entrevista clinica é o melhor método para avaliar o risco suicida e tem dois objetivos: 1) apoio emocional e de estabelecimento de vínculo; 2) coleta de informações. Existe um número considerável de informações a serem coletadas durante a entrevista. [...] Dificuldades ao longo da entrevista serão encontradas, mas com conhecimento e treinamento adequado, o profissional poderá abordar e ajudar adequadamente o paciente”.


O Ministério da Saúde mostra formas de ajudar pessoas em risco de suicídio e lista alguns sinais de alerta: o aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas; preocupação com sua própria morte ou falta de esperança; expressão de ideias ou de intenções suicidas; isolamento.

* Caso conheça alguém que apresente sinais relacionados ao suicídio, há alguns canais de ajuda. O Centro de Valorização da Vida (CVV), por meio do telefone 188, que oferece suporte gratuito 24h por dia. Em casos de emergência, ligar para os Bombeiros (telefone 193), para a Polícia Militar (telefone 190) ou para o SAMU, pelo telefone 192.