O coronel do Exército Elcio Franco, ex-número dois do Ministério da Saúde e ex-assessor especial da Casa Civil, estava no centro de trama golpista após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Em mensagens de áudio, ele mostrou que sabia do plano para uma intervenção militar e ainda sugeriu mobilizar 1,5 mil homens para o golpe de Estado.
Em conversa com Ailton Barros, ex-major da PF preso no esquema da fraude da vacina pela Polícia Federal, ele reclama do silêncio de Freire Gomes, então comandante do Exército, e diz que o essencial seria convencer o general de brigada Carlos Alberto Rodrigues Pimentel, então comandante de Operações Especiais de Goiânia (GO), a prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“É preciso convencer o general Pimentel. Esse alto comando de merda que não quer fazer as porras, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”, diz Elcio no áudio.
No diálogo, o coronel diz que Freire Gomes tem medo de ser responsabilizado por uma eventual tentativa de golpe e que estaria “com medo das consequências”.
“O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o que? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”, afirma Elcio.
Ele fez uma sugestão de como o então comandante poderia se defender da acusação:
“Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele tá sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu , durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto. Vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu comandante, da Força, tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então, sinceramente, é dessa forma que tem que ser visto”.
Os diálogos constam no inquérito da Polícia Federal que embasou as prisões de Mauro Cid e Ailton.