Ao menos dez pessoas morreram e outras dez ficaram feridas durante tiroteio dentro da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, Grande São Paulo, durante a manhã desta quarta-feira, 13. A Polícia confirmou a identidade dos dois atiradores: um deles é Luiz Henrique de Castro, que faria 26 anos neste sábado, 16, e o outro é GTM, de 17 anos.
Segundo informações da Polícia Militar, duas pessoas armadas e encapuzadas invadiram a escola e efetuaram os disparos. Até o momento a PM registrou a morte de cinco alunos, um funcionário em decorrência dos disparos, e mais uma pessoa que foi baleada fora da escola.
Os criminosos cometeram suicídio no local. Os atiradores usaram um revólver .38, uma besta e um arco e flecha.
O coronel Salles da PM disse que, antes de entrar na escola, os dois atiradores atiraram contra o proprietário de um lava-jato que fica em frente à escola. Segundo o coronel, os atiradores entraram na escola na hora do intervalo. Primeiro, eles atiraram em uma coordenadora pedagógica e uma supervisora. Depois, se dirigiram ao pátio, onde atingiram em quatro alunos de ensino médio. Em seguida, eles foram até o Centro de Línguas. Os alunos que estavam no local se esconderam dentro de uma sala de aula. Os atiradores, então, se suicidaram no corredor em frente. O Gate está fazendo uma varredura na escola, porque foram encontrados artefatos com aparência similar a de explosivos. A área, no entorno da escola, está isolada por risco de haver explosivos. "A preocupação nesse momento é desmantelar os artefatos explosivos, prestar socorro às vítimas e atender as famílias", disse o coronel Salles.
O governador João Doria assim que foi informado do ocorrido, cancelou toda sua agenda e se dirigiu ao local para acompanhar o trabalho de resgate e atendimento aos feridos. Em entrevista coletiva, Doria informou que a diretora acredita que os dois atiradores não são alunos da escola. A polícia estima que tenham entre 20 e 25 anos. "Cena mais triste que já vi na minha vida", disse Doria à imprensa. Doria pediu apoio psicossocial, psicólogos, alimentação e ambulância no local para todas as vítimas e familiares. Segundo Doria, o prefeito de Suzano estava em Brasília para um evento oficial, mas já está retornando à cidade. O governador ressaltou que o vice-prefeito e a primeira-dama estão prestando assistência.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a pedido do governo do Estado de São Paulo, fará uma força-tarefa para atender as vítimas e os familiares do ataque a tiros na escola. O grupo de suporte será formado por médicos e psicólogos. Ainda não foi decidido se os atendimentos serão feitos em São Paulo ou na cidade onde ocorreu a tragédia.
Em nota de pesar, o Ministério da Justiça e Segurança Pública se colocou à disposição do governo do Estado de São Paulo.
"O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) lamenta o grave atentado à Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), que provocou o trágico assassinato de crianças e funcionários e presta solidariedade aos familiares neste momento de dor e tristeza", diz a nota.
A pasta disse também que "os fatos ainda estão sendo apurados pelas autoridades competentes e o Ministério se coloca à disposição do governo do estado de São Paulo".
Em nota, a Prefeitura de Suzano informou que o Pronto Socorro Municipal já recebeu crianças com ferimentos leves e os feridos com maior gravidade estão sendo encaminhados para o Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, e o Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba. A gestão municipal disse ainda que está dando suporte com equipes de emergência, como Defesa Civil, Samu e Guarda Civil Municipal. As ações relativas ao sepultamento das vítimas serão amparadas pela prefeitura de Suzano e governo do Estado.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, acabou de se manifestar sobre a tragédia em Suzano no Twitter. "Com profunda tristeza recebi a notícia das mortes em escola de Suzano/SP. Falei com governador João Doria, que está no local, para registrar a solidariedade de todo o povo do RJ com os familiares das vítimas", escreveu.
Relatos
A professora Sandra Perez disse que por volta das 9h30, quando estava no intervalo, ouviu os disparos. "Estava na sala de aula, na hora do intervalo. Pensei que fossem bombas, quando eu percebi que eram tiros fiquei lá. Só saí quando os policiais chegaram, 20 minutos depois", disse Sandra.
"Minha filha tem muitos amigos aqui. Estou chocada. Ela estudou aqui e muitos amigos estão me ligando", disse Derli Vilas, mãe de ex-aluna da escola.
“Meu amigo levou dois tiros. Tem 17 anos. Eu estou no terceiro ano. Estávamos no intervalo. Ouvi os tiros e vi pessoas correndo. Não se tem mais notícias dele”, disse chorando o aluno Matheus Mariano.
Uma das vítimas baleadas, Letícia Mello, de 15 anos, estava no intervalo quando levou um tiro de raspão nas costas. O estado de saúde dela é estável, segundo o primo, o autônomo Matheus Henrique Nunes, de 23 anos. "Ela passou de maca por mim e estava acordada. Não falou nada, mas dava para ver que estava assustada", afirmou. Pai, mãe e primos de Letícia estão no hospital. A menina enviou mensagens de áudio para a mãe, a dona de casa Valéria de Mello Oliveira Jesus, no momento do ataque.
"Ela levou um tiro na lombar, mas está bem, graças a Deus. Foi um desespero. Ela me mandou uma mensagem dizendo 'Mãe, está tendo um tiroteio aqui na escola, me socorre'. Ela só conseguiu dizer que viu a amiguinha dela caindo. Falou que foi muita confusão e correria", disse Valéria, que estava em casa quando recebeu a mensagem. A vítima foi transferida para a Santa Casa.
Até agora, sete vítimas foram levadas para o Hospital Santa Maria, a duas quadras da escola. Destes, cinco foram transferidos. Ainda permanece no local uma pessoa em estado grave – atingido por uma flecha e que passou por uma cirurgia – e outra estável.
As irmãs Dina e Ivone Taboada ouviram gritos vindo da escola por volta das 9h45. Sendo vizinhas da escola, elas estavam acostumadas com barulho similar durante o intervalo dos estudantes, já que muitos brincavam na quadra que fica nos fundos e se divertiam no pátio. Foi o barulho consecutivo do que pensavam ser bombinhas que chamou primeiro a atenção. Depois, a gritaria ganhou outra conotação.
"Comecei a ligar pra polícia porque percebi que era um tiroteio. Eles começaram a pular o muro de trás e pedir para entrar em casa, mas eu não sabia o que estava acontecendo. Estava com medo", disse a aposentada Ivone, de 66 anos.
As câmeras de segurança da casa mostram dezenas de alunos fugindo do ataque e buscando abrigo na rua. Dina disse que os tiros continuaram mesmo quando viaturas já tinham chegado ao local.
O mediador Rogério Reis, de 40 anos, soube o que estava acontecendo quando sua filha de 16 anos ligou para ele relatando desespero e tiros na escola. "Ela havia começado a estudar aqui na segunda-feira passada. Escutou os tiros e correu. Pensei que tinham matado a minha filha", disse.
O tio da garota, Júlio César Oliveira, esbravejava no portão de trás da unidade por mais segurança nas escolas. "Basta disso. Não podemos virar os Estados Unidos, onde crianças matam crianças", disse.
msn