A vida em si é uma ficção, um dia começa assim como um ano novo. Tudo na vida possui um começo e um fim. Na verdade, nada começa, tudo continua até o dia do fim. O que sobra de um dia ou de um ano são as incertezas dos dias seguintes, os ministérios invisíveis, assim como a sombra da água nua ou o brilho do luar numa noite escura.
Após o ano novo, os mesmos rios fluem diante de suas correntes de águas, que escondem os seus movimentos nas curvas da terra e no ministério de cada existência materializada. Os rios continuam os mesmos, assim como a vida, os dias, os meses e os anos seguintes. Nada começa, tudo continua.
O ano passado continuou diante das incertezas do novo ano. Todas as novas vidas são encontradas no passado, assim como as antigas esperanças das pessoas. As pessoas, seus hábitos, suas falas e seus gestos também continuam os mesmos. O sol, a lua e o amanhecer são iguais aos repetidos nos anos passados e será sempre assim, enquanto existir vida neste planeta.
Lembro do céu do ano passado e de sua última noite. O fim do ano, supostamente, não foi visto em nenhuma via láctea, não foi capaz de ser percebido substancialmente em uma só visão, ao ponto de se ocasionar a materialização do espírito. Portanto, nada indica que um ano se começa, mas tudo confirma que os anos e os dias fazem parte de um conjunto de tudo que existe no universo e que continuará até a finalização da existência da vida.