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O papa Francisco, de acordo com informações, teria expulsado do sacerdócio o padre Alcindo Saraiva Martins, ex-vigário da paróquia de Nossa Senhora do Livramento, em José de Freitas. Essa seria a maior condenação possível dentro da Igreja católica.

O anúncio, foi feito pelo Bispo Diocesano, Francisco de Assis Gabriel dos Santos, na sede episcopal de Campo Maior, por volta das 10h30min desta terça-feira, dia 05 de outubro, na presença dos padres consultores Gilcimar Machado  e o padre Luis Francisco Fonseca.

“Após a oração do Veni Creator Spiritus, foi feita breve síntese do processo e em seguida, apresentado na letra da lei canônica o teor da comunicação conforme Protocolo Nº 2021 1443/F – “Demissão do estado clerical e dispensa do sagrado celibato e das obrigações conexas á Sagrada Ordenação” do Sr. Alcindo Saraiva Martins, ex clérigo desta circunscrição eclesiástica, com suprema e inapelável decisão, contra a qual não é possível qualquer recurso”, diz o comunicado aos padres.

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A Diocese de Campo Maior deve fazer um comunicado oficial em suas redes sociais nesta quarta-feira, dia 06, informando a expulsão do padre das obrigações sagradas.

Entenda o caso

A jovem Amanda Passo (pseudônimo), de 24 anos, natural da cidade de Nossa Senhora de Nazaré, na Região Norte do Piauí, mas que mora em Campo Maior-PI há pelo menos dois anos, afirmava que no começo de 2019, iniciou um relacionamento com o padre Alcindo Saraiva Martins, no qual gerou duas possíveis gravidezes e dois possíveis abortos, sendo um sugerido pelo próprio ex padre.

Amanda era integrante do coral da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, que na época, Alcindo Martins havia acabado de assumir. Segundo a jovem, tudo teve início quando o padre comentou uma foto dela, postada no “Story”, de um aplicativo de mensagens. Desde então, o ex padre passou a elogiar as publicações de Amanda, que questionou o porquê de tanta atenção.

“Perguntei o porquê das mensagens, ele disse que não tinha uma explicação, que estava interessado, mas não tinha coragem de chegar até mim. Disse que o meu jeito tinha o encantado, ele mandava várias mensagens, começamos a conversar até que um dia ele disse que estava apaixonado, que já tinha namorado uma menina e que era muito discreto”, falou Amanda.

O NAMORO

As trocas de mensagens seguiram, até que em 19 de julho do ano passado (2019), ela foi encontrar Alcindo, na Casa Paroquial em Nossa Senhora de Nazaré-PI, onde o ex padre a pediu em namoro. Eles iniciaram o relacionamento que durou aproximadamente um ano e meio, e segundo Amanda, era muito conturbado. “Fomos mantendo esse relacionamento em meio a muitas brigas, por que pra mim era muito difícil aceitar a vida dele como padre, isso me frustrava. Era uma vida muito corrida, a gente brigava muito”, relatou.

Amanda e Alcindo começaram a ficar bastante tempo juntos, tanto em Nossa Senhora de Nazaré como em Campo Maior, as brigas também eram constantes, porque a jovem queria ter “um relacionamento aberto”, se “libertar do proibido”, mas segundo ela o padre tinha medo, mas que chegou a cogitar a possibilidade de deixar o sacerdócio para poder assumir a relação.

A jovem acabou desenvolvendo uma suposta gravidez, no final de dezembro de 2019. Segundo ela, o teste de farmácia havia dado positivo, e ao saber da possibilidade, Alcindo sugeriu que Amanda realizasse um aborto. “Quando eu fiz o teste de farmácia, deu positivo, ele falou que não estava preparado para ser pai. Ele disse: e se você tomasse remédio? Você vai tomando uns chás para ver se ‘desce’, se não você toma os remédios. Eu vou ficar com você, vou tomar conta de você”, relatou a jovem o que o padre lhe disse.

ABORTOS

Para interromper a possível gravidez, Amanda tomou misoprostol, medicamento usado também como abortivo. Amanda disse que tinha medo de perder Alcindo, que “a vontade de estar com ele, a paixão louca”, era maior.

Amanda contou que precisou ser atendida no Hospital Regional de Campo Maior, pois estava perdendo muito sangue, sob efeito do medicamento. Na ficha de atendimento do hospital, constam que a jovem foi atendida em classificação de risco e urgência e teve o diagnóstico de aborto.

Os dois continuaram juntos. A essa altura, o relacionamento já era de conhecimento de algumas pessoas, que segundo Amanda, gerou uma série de ataques contra ela, vindos de pessoas da comunidade de Nossa Senhora de Nazaré, que a acusavam de ser “destruidora da igreja e da vida do ex padre”.

De acordo com Amanda, uma segunda gravidez aconteceu em julho de 2020. Na época ela fez um teste de farmácia que deu positivo. Porém, um outro teste desta vez de sangue, realizado no hospital de Campo Maior, mostrou resultado contrário.

Depois disso, ainda segundo relatos da jovem, ela precisou ser atendida no hospital de Campo Maior, pois havia tomado alguns remédios. Na ficha de atendimento do dia 24 de julho de 2020, veio o diagnóstico de um possível abortamento. Alcindo foi informado sobre o que tinha acontecido, mas não acreditou. “Ele disse que era tudo uma invenção, que eu tinha fingido o aborto. Ele tinha consciência que eu tinha tomado os remédios, tanto na primeira vez como na segunda, mas não se importou”, contou Amanda.

Amanda relatou ainda que procurou a Diocese de Campo Maior e contou toda a história, porque se sentia injustiçada. “Eu queria que ele assumisse, enquanto homem e enquanto padre, o que tinha feito. E não deixar um monte de pessoas me julgando, dizendo que eu tinha acabado com a vida dele, sendo que foi o contrário”, disparou a jovem.

FONTE: Realidade em Foco