Essé é mais um artigo do José Osório Filho que, pelo menos duas vezes ao mês, tem enviado artigos para publicação no Piauí Noticias. Os artigos, por se tratar de uma parceria deste portal de notícias com o escritor e poeta José Osório, que já vem há mais de ano, se destacam, pois são bem lidos por um grupo de pessoas que costuma acompanhar esse noticioso.
"O Povo e as Máscaras" foi uma ideia do Piauí Notícias dado as pessoas usarem máscaras nesse periodo de pandemia do novo coronavírus e, de certa forma, todas as pessoas - homens, mulheres e crianças - estão com os rostos cobertos. Ao ponto de, ás vezes, uma pessoa não reconhecer uma outra.
O POVO E AS MÁSCARAS.
As máscaras sempre existiram, no âmago de cada indivíduo, poucas pessoas as enxergam, porque elas ficam encravadas no interior de cada ser e representam o caráter, bom ou ruim de uma pessoa. Cada povo verdadeiro de princípio moral, representam um papel através de uma máscara, que se torna o símbolo preciso de uma humanidade digna, ou não.
Durante anos, convivi com as máscaras invisíveis, uma metáfora dos homens que não correspondem ao mundo da visibilidade interior. Só agora descobri que é mais fácil conviver com as máscaras visíveis, que cobrem parcial ou totalmente nossas faces, ocultando parte da fisionomia, do que suportar as máscaras invisíveis que vivem escondidas no íntimo do comportamento violento e ameaçador de outras pessoas.
Às vezes as pessoas carregam consigo uma máscara, que acaba exibindo quem realmente ela é, causando transtornos irreparáveis, tristeza e insatisfação com a vida, por não ser a realidade de uma personalidade humana. Só em pensar que somos a própria máscara criadas por fantasmas que residem em nossos âmagos, nos faz ter medo de outro ser. O quanto isso é melancólico, não só para aqueles que carregam as máscaras, mas, para quem necessita viver no País e nas cidades dos seres emascarados internamente, por falta de autoconhecimento e interiorização.
Por esse motivo, o mundo torna-se vazio, suas atividades sem sentido, superficiais, sem nenhum contato com a vida interior, dificultando a enxergar as belezas da existência e da natureza. E o próprio “ser humano”, ao invés de progredir, regride em sua ignorância interna, segregando e destruindo os sentimentos alheios.
As máscaras internas mudam as palavras, mentem para si próprio, são o sentido da negação verbal e moral, a total ausência de dignidade e moralidade. As máscaras faciais, mudam apenas as feições, mas, não manipulam os sentimentos e o caráter humano. Portanto, os disfarces de conceitos éticos e morais, traz ao lume as contradições da realidade do povo e os desencantos com as ilusões.
Resta a angústia de retirar as máscaras internas e as pessoas não se auto reconhecer, porque deixou de cumprir com suas palavras, no passado remoto. Cicatrizes que nascem encravadas na anatomia de um ser, ficam presentes nas atitudes e sensações daquelas pessoas, até o dia em que ela deixar de viver. É como se tudo fosse muito junto, uma representação que se perdeu no sentido e na solidão de um pensamento.
A inquietação consegue distinguir, a realidade do mundo das máscaras visíveis e as invisíveis, estas últimas são os retratos das ilusões imaginárias de cada ser de mal caráter. Enquanto que as máscaras faciais apesar de esconder a face, mas, não escondem o coração, espelham espetáculos e atos que decifram as coerências de um presente mais semelhante, com o passado e o futuro de uma humanidade, que necessita crescer em termos de conhecimento, aprendendo a respeitar o próximo e deixar de ser um sevandija de sua própria espécie.
Dr. José Osório Filho
Da redação