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bentopapaO papa emérito Bento XVI pediu a retirada de sua assinatura de um livro do cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino, que define o celibato como "indispensável" para a Igreja Católica.

O livro se chama "Des profondeurs de nos coeurs" ("Das profundezas de nossos corações", em tradução livre) e exibe na capa as fotos e os nomes de Bento XVI e Sarah. Alguns trechos divulgados antecipadamente foram interpretados como uma pressão para o papa Francisco não autorizar a ordenação de homens casados na Amazônia.

Em declaração à ANSA nesta terça-feira (14), o secretário pessoal de Joseph Ratzinger, monsenhor Georg Gänswein, disse que o papa emérito sabia do livro, mas não que ele seria incluído como coautor.

"O papa emérito sabia que o cardeal preparava um livro e tinha enviado um texto seu sobre o sacerdócio, autorizando-o a fazer o uso que quisesse. Mas não tinha aprovado qualquer projeto para um livro com dois autores nem autorizado a capa", afirmou Georg Gänswein, chamando o episódio de "mal-entendido".

"Posso confirmar que, nesta manhã, sob indicação do papa emérito, pedi para o cardeal Robert Sarah contatar os editores do livro e pedir-lhes para tirar o nome de Bento XVI como coautor e sua assinatura da introdução e das conclusões", contou o monsenhor.

Horas antes, Sarah havia feito uma reconstrução diferente e dito que Ratzinger sabia que o projeto "tomaria a forma de um livro" e que eles chegaram a "trocar rascunhos" para "fazer correções".

De acordo com o cardeal, o texto enviado por Bento XVI era "muito longo para ser um artigo". "Então propus imediatamente ao papa emérito o lançamento de um livro", disse Sarah. Segundo ele, Ratzinger afirmou, explicitamente: "Da minha parte, estou de acordo que o texto seja publicado da forma que você quer".

Após o pronunciamento de Gänswein, o cardeal declarou que a nova assinatura do livro será "Card. Sarah com a contribuição de Bento XVI", mas que o texto não será alterado.

A polêmica - Algumas passagens do livro atribuídas a Ratzinger dizem que a "impossibilidade de uma ligação matrimonial" nasce da "celebração cotidiana da eucaristia, o que implica um serviço permanente a Deus", e que "não é possível" conciliar o casamento com a "vocação sacerdotal".

A divulgação dos trechos repercutiu na Igreja Católica, já que Francisco trabalha atualmente em uma exortação apostólica sobre as propostas do Sínodo da Amazônia.

O relatório final da reunião episcopal, realizada em outubro passado, sugere que homens casados, com liderança reconhecida pela comunidade e preferivelmente indígenas sejam ordenados na Amazônia para administrar os sacramentos. Essa seria uma forma de combater a escassez de padres na floresta, o que abre espaço para o avanço de igrejas neopentecostais e impede que fiéis recebam a comunhão com regularidade. (ANSA)

 

ANSA

Foto: Arturo Mari/Observatório Romano