• Hospital Clinicor
  • Vamol
  • Roma

Ainda tento me amolentar da vida. Inesperadamente, vou cambaleando nesta estrada escura, onde convivo com outros seres que se dizem meus semelhantes. Observo-os, sem qualquer esforço raciocinativo, e percebo que eles possuem instintos de feras e querem que eu também me transforme em outra fera.

Quem neste planeta vive, sente a necessidade de se auto-destruir, ninguém acostuma-se com a miséria material e intelectual, tampouco com essa quantidade incalculável de quimeras. Em razão disso, somente a morte cósmica do universo apagará o remorso e livrará o homem de bom coração de continuar nesse inferno, onde um belzebu sobrepõe outra serpente maldita.

Sozinho, no meu ascetério, vejo a lívida e mansa noite turva como uma caverna do período neolítico, no lúgubre daquele lugar fico a meditar. Sinto todos os objetos invisíveis – isso faz com que eu passe a deplorar, atraindo o medo dos seres vivos. Neste planeta não pretendo ficar, prefiro a morte a essa convivência singular, pois na vida só há uma coisa que me atrai e pode me suavizar, a existência de Deus e os humildes inocentes que vivem a vegetar.

Não ter sorte na vida, é conviver com uma sociedade que nasceu numa fase infeliz da evolução intelectual do País, mistura incoerente de semicultura de analfabetos, frutos mal expelidos pelas universidades que se transformaram em máquinas na busca de capital selvagem e não de conhecimentos convencional, empírico e científico.

Neste País inexistem leitores. Nenhum homem procura descobrir o sentido das palavras. Um ser abominável como todos os demais existentes na terra, nada percebe claramente, é como se tudo fossem trevas ao meio dia, ninguém reconhece a própria razão da vida material e nem tampouco espiritual. Mas o poeta, no íntimo de sua alma, consegue vê entre vós, ou mesmo longe, o quanto esse povo sofre e prevê um sentido de vida oculta para cada um, no som do universo e no silêncio da imaginação.

Somente um povo cego não percebe que é escravo de uma elite dominante, subordinada a governos larápios, mídias e religiões, que fazem o possível para continuar assim. Por outro lado, existem os alienados capitalistas que também não querem, de forma alguma, perder o poder, o luxo e as garantias pela exploração do sofrimento de um povo subalterno e desinformado de tudo, inclusive, do sistema financeiro e das facções políticas criminosas que os administram e governam.

A elite, embora seja idiota de conhecimento, controla a pobreza intelectual e material da população, pois os alienados e analfabetos funcionais permitem que a educação convencional também seja um agente alienante, uma vez que, ela amolda e padroniza crianças, formando, assim, indivíduos preconceituosos com relação a tudo que saia do padrão estabelecido pelo sistema social e educacional, tornando-se incapazes de pensar diferente e reagir contra esse sistema epidêmico em estágio de putrefação, que destrói sonhos e decepa vidas.

José Osório Filho

osorio

 

Da redação