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Não há sistema bom que resista intacto aos homens maus. A qualidade individual dos políticos certamente faz a diferença. Muito pelo contrário, estamos assistindo a falência moral de um jeito de organização de poder. E não se enganem: será disso para pior. Ainda que-se tire de circulação todos os políticos viciados e profissionais, precisamos mudar urgentemente o caráter da população e só se muda o caráter de uma sociedade com uma educação de excelente qualidade. O sistema partidário está caduco. As legendas se juntam por causa do tempo de televisão e se mantém unidas ou se separam, dependendo da fatia do estado ou municipio que lhes é concedido para controlar. No comando de áreas da administração, de estatais ou de autarquias, ocupam-se de roubar o dinheiro público para fazer caixa para o partido e seus pretensos candidatos, sem contar, obviamente, os que se dedicam ao enriquecimento pessoal. Esta é a triste situação do Brasil, dos Estados e principalmente das cidades brasileiras, quanto mais pobre o município, mais a população sofre.

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Por que o Brasil está entre as nações mais corruptas do Planeta? Será o nosso sangue latino? O calor dos Trópicos? A miscigenação? A herança patrimonialista ibérica? Que determinismo sociológico, histórico ou climático ou, ainda, que teoria estupidamente racista explicariam tanta lambança? Bobagem, meus caros amigos! O nome do desastre que aí está é um só: TAMANHO DO ESTADO E SEUS MUNICÍPIOS, CADA UM COM SEU CONSEQUENTE APARELHAMENTO PELA PISTOLAGEM POLÍTICA. É CHAMADO DE QUADRILHA DE GRANDES FACÇÕES CRIMINOSAS, QUE DE UMA SÓ VEZ ROUBAM BILHÕES DE REAIS DE TODA A POPULAÇÃO.

Durante muito tempo, alguns petistas venderam a fantasia, ainda sustentada por cretinos acadêmicos, de que viriam para acabar com essa lambança, para “mudar tudo”. Quem tinha ao menos dois neurônios capazes de fazer uma sinopse desconfiou desde logo do intento tão nobre. O desmonte da corrupção organizada, profissionalizada, que toma conta do País, não haveria de ser feito com o aumento do Estado, mas com a redução para que ele pudesse, então, efetivamente cuidar das áreas que lhe são próprias. Aconteceu o óbvio: o PT não só referendou e passou a ser usuário dos esquemas tradicionais de assalto aos cofres públicos em conjuntos com os demais partidos politícos, como montou o seu próprio modelo. Por isso jamais se ocupou a sério com as reformas — inclusive e muito especialmente a política e a educacional.

Enquanto os governantes brasileiros tiverem à sua disposição milhares de cargos para dispor livremente e acomodar os interesses e apetites dos partidos e os supostos adversários famintos, enquanto a economia de municípios e estados brasileiros for, como é hoje; enquanto tivermos um sistema eleitoral que descola o eleito do eleitor — por isso defendo o voto distrital puro; enquanto os nossos partidos forem meras agências de aluguel, continuarão a assediar o estado e os políticos.

A coisa vai indo, vai indo, até que fica impossível saber se a corrupção é mesmo um “mal necessário” para pôr em prática o programa político do partido ou se é o programa político que está a serviço da corrupção. O roubo é necessário para assegurar a perpetuação no poder. Ou o poder se faz necessário para garantir a perpetuação do roubo? E então? Que linha que separa uma coisa da outra?
Para complicar nossa equação, aqui os números não ajudam tanto. A resposta depende de quem faz a pergunta. Aos olhos de uma formiga, uma certa quantia de areia é uma cordilheira. Aos olhos de um elefante, um monte de areia é desprezível. Se o eleitor não liga, a incidência dos ladrões na política será maior. Se a comunidade criar caráter, fiscaliza o político e deixar de votar em quem sobrevive exclusivamente da política, se reelegendo inúmeras vezes, a incidência dos profissionais permanecerem a vida inteira da política será menor. A linha que separa um partido ainda saudável de uma quadrilha inescrupulosa não pode ser dada por um critério absoluto. Depende da consciência de cada um de nós. Você, por exemplo: até onde você vai? Até que ponto suporta o mau cheiro?

Nosso maior desafio, hoje, é construir, a partir de nossos limites pessoais, um limite que tenha uma validade coletiva, institucional. Quase todos concordam que o melhor lugar do ladrão na política é fora dela. Na cadeia, de preferência. O povo não sabe é distinguir uma quadrilha de um partido político, ou um político de um bandido de alta periculosidade. Por isso, não conseguem saber quem deve sair da política para sempre e quem deve ficar por um tempo determinado.

 José Osório Filho