Um amor poético é eterno e podemos chamá-lo de platônico. Seria muito fácil transformar uma história em um romance e um clichê em um poeta. O poeta romântico muitas vezes morre internamente por uma paixão, da qual nunca se consome e nem se concretiza.
O amor de um poeta é invisível, só ele vê, ninguém mais é capaz de perceber, conversar, enxergar ou venerar, esse amor que o poeta descreve e vive a dialogar é um amor infinito, uma longa paixão fruto de um espírito que vive em outra extremidade da existência paranormal.
O que encanta o poeta não é o amor, muito menos um coração aventureiro de qualquer sonhador. O que lhe prende são os lábios diante de um sorriso deslumbrante que parece um encanto de uma voz invisível; tão suave quanto o cântico da terra nesta invenção da humanidade; que sorrir e ao mesmo tempo chora diante da própria miséria e da vaidade.
Há dentro do poeta uma paisagem metafísica, que se alimenta na literatura. É preciso escrever até encontrar ou segregar o sentimento da alma e do amor que vive a procurar. O corpo e tudo neste mundo possui um lugar. Quem ama imagina a beleza que vive a sonhar, quem sente o amor possui o desejo de acariciar.
Ninguém precisa explicar a fragância da rosa e do amor. Há momentos na vida que persuade na profundidade das águas do mar, na ausência ou na presença dos desafios. Tudo pode mudar de lugar, sendo assim, o segredo do amor de um poeta é o medo de amar.
Fico com minha face vulnerável ausente de um beijo, lentamente alheio ao excesso de desejos, atento a um olhar, tempo em que me desfolho da chuva para sentir o odor do perfume da natureza, toquei no nada, mas para ti sempre fui um nada, embora seja tudo; por essa razão nunca amei, simplesmente me alimento da solidão, uma dor forte que decepa meu coração.
O amor não me ilude, como a bruma que esconde a insegurança que se sustenta no chão em um grão de areia para sobreviver. Hoje eu peço perdão a mim, diante de tanta fascinação das promessas misteriosas e palavras do véu da alma, onde um corpo engana outro corpo, para satisfazer o extinto animal de outro ser, que não ama a vida, desconhece a poesia e a educação, só alcança o sentimento derrotável de uma alucinação.
Amar o invisível é uma ideia que faço de alguém, um conceito de escrever e esquecer tudo na vida, desconhecer o passado e o presente, ignorar a existência de outros seres, é nada mais do que olhar para trás e perceber que convivemos com diversas sombras do atraso, da extrema rudez e falta de humildade daqueles que se dizem humanos e só propagam a ignorância e a maldade. Por isso meu grande amor é a infinitude da visão, uma substância incorpórea que não possui matéria e muito menos coração.
JOSÉ OSÓRIO FILHO.