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Conheça um pouco da história do José Antonio de Carvalho (Zitinho) que faleceu ontem, em Teresina, onde estava em tratamento de saúde.   

JOSÉ ANTÔNIO DE CARVALHO – ZITINHO

Na Fazenda Madrigal, na época município de Oeiras, atualmente município de São Francisco do Piauí, no ano de 1932, nascia o muito aguardado primogênito de Antônio João de Carvalho e Izabel Moreira de Carvalho: José Antônio de Carvalho, que já nasceu com o apelido dado pela avó paterna pelo qual ficaria conhecido até hoje: ZITINHO.
Passou parte de sua infância na Fazenda Madrigal, refúgio que até hoje enche seus os olhos e o coração de alegria quando lá retorna. Em seguida, foi residir na cidade de Oeiras, na fazenda Barreiro, também de propriedade de sua família, local que tem o prazer de manter tudo como nos tempos de outrora e segue participando de festas religiosas tradicionais da cidade: Procissão de Passos, Semana Santa, Divino Espírito Santo, Nossa Senhora da Vitória e Nossa Senhora da Conceição. No sábado de Aleluia mantém a tradição de seus pais de fazer um churrasco e distribuir carnes com os próximos. Mantém também a tradicional Festa do Vaqueiro, que acontece no Barreiro, no último domingo de maio desde 1949, onde oferece um café da manhã aos vaqueiros da região, regado a lembranças e “aboios”. Temente a Deus, Zitinho é um homem de fé, um Cristão devotado e participa até hoje da comunhão de sua Igreja.
Estudou no grupo Escolar Costa Alvarenga em Oeiras e no Ginásio Santa Teresinha em Floriano, cultiva até hoje grandes amizades dessa época. De personalidade forte, sério e extremamente responsável não demorou muito para que seu pai dividisse com ele a tarefa árdua de conduzir os negócios da família. Desde cedo pesou sobre seus ombros muitas responsabilidades, inclusive a condução de seus irmãos Afonso, Antonieta, Luiz Antônio (in memoriam), João Antônio, Alfredo(in memoriam), Fernando, Carlos(in memoriam), Francisca Teresa, Miguel e Idalina, que saíram para estudar em cidades diversas enquanto ele ficou com seu pai auxiliando no trabalho e no sustento de todos.
Desde criança manifestou habilidade para o comércio, viajando na mocidade para Recife onde negociava gado. Com espírito pioneiro rompeu as amarras de casa e foi para Teresina em busca de melhores oportunidades, onde estudou no Colégio Diocesano. Ao chegar, logo foi trabalhar na Casa Almendra, e já no terceiro dia foi promovido. Desde cedo internalizou e vivia os ensinamentos de seu pai que valorizava a palavra dada
Sempre muito controlado, determinado e disciplinado não demorou muito para retornar à Floriano para se estabelecer no ano de 1955, ano em que fundou o Armazém Colonial com seu tio materno Antônio Moreira, situado à Rua São João. Seu irmão Afonso ao retornar dos estudos no Rio de Janeiro juntou-se a eles no empreendimento. No ano de 1963 deu início ao Armazém Triunfo junto com os irmãos, comércio que aos poucos se tornou um grande mercado atacadista e varejista desta região. Em 1965 adquiriu a INCOBAL – Indústria e Comércio de Babaçu e Algodão Ltda., na cidade de Barão de Grajaú, indústria esta que vendia o produto extraído da amêndoa do babaçu para os grandes centros do país. Ainda na década de 60 em meio a outros negócios veio a ter com um grupo de amigos sociedade na então Ford Willis.
Em seguida adquiriu, em 1972, a INCOPIL – Indústria e Comércio do Piauí Ltda., onde beneficiava o Café Porteiras em Floriano e o Café Bonibrito na cidade de São João dos Patos - MA. Sempre atento a negócios e oportunidades em 1993 adquiriu um Posto de combustível em Barão de Grajaú, em 1999 abriu a Concessionária Yamaha em Floriano.
Seus empreendimentos possibilitaram empregos e oportunidades para muitos iniciarem sua vida profissional, assim como também a aposentadoria de outros tantos, que empregava com a finalidade exclusiva de completar tempo de serviço. Até hoje recebe o agradecimento e reconhecimento de vários destes colaboradores que hoje fazem parte de seu círculo de amigos.
Afeito à cooperação, à solidariedade e ao serviço comunitário participou ativamente da sociedade de Floriano, cidade esta que escolheu para morar. Onde foi Vereador no ano de 1970. Depois dessa experiência escolheu não seguir na vida pública. Participou e presidiu o Rotary Club de Floriano, tempo em que construiu a Casa da Amizade, foi um dos criadores da ACRIMEP – Associação dos Criadores do Médio Parnaíba, Sócio proprietário do Floriano Clube, Sócio proprietário do Comércio Esporte Clube, Sócio fundador do Caiçara Campestre Clube. Por várias vezes integrou a lista dos maiores contribuintes de ICMS do estado do Piauí, tendo sido também condecorado pela Associação Industrial do Piauí. Sua cooperação à cidade de Floriano e sua vizinha Barão de Grajaú - MA foi reconhecida através da indicação da então vereadora Elza Bucar ao título de Cidadão Florianense e por indicação do então vereador de Barão de Grajau, Luiz Gonzaga ao título de Cidadão Baronense. Fatos que muito o honram.
Sua timidez não o impediu de fazer e preservar grandes amizades, resultando no apadrinhamento de várias afilhados e consequentemente se tornando compadre de muitos amigos. Não poucas vezes seus filhos e netos têm a satisfação de encontrar pessoas que fizeram parte ou passaram por sua vida que se interessam por ele e dizem que oram e lembram-se dele com muito carinho e gratidão, exaltando suas qualidades de homem honrado.
De comportamento discreto e hábitos simples, no final do ano de 1963 conheceu a filha do General Abimael Clementino Ferreira de Carvalho: Lavínia. Muito festeira veio à Oeiras - Piauí conhecer a família paterna e dançar nas tertúlias muito propogadas pelas primas. Naquela época as festas do Piauí eram badaladas e verdadeiros acontecimentos. Vale lembrar que como havia poucas bandas “boas” a festa de Réveillon de Oeiras acontecia no dia primeiro do ano seguinte aguardando a banda que tocava em Floriano no dia 31. Atendendo a convite de Antonieta (irmã de Zitinho), Lavínia veio para Floriano para a festa de Réveillon onde conheceu Zitinho.
A partir daí ele não passou nem mais um fim de semana sem ir à Oeiras, de repente, o outrora recluso, passou a ir a festas, dançar... tudo no intuito de conquistar a “moça da capital”, onze anos mais jovem. Nem a maior cheia já registrada no Rio Piauí que impossibitou o tráfego de carros entre Floriano e Oeiras o impedia de chegar à Oeiras. Para solucionar o problema deixou um carro de um lado do rio e outro carro na outra margem, atravessava de barco e seguia viagem para Oeiras. Não demorou muito e conquistou o coração da jovem. Casaram-se em 1965 em Fortaleza. Acostumada às facilidades da cidade grande, Lavínia não se acovardou diante da falta de energia elétrica de Floriano, que naquele tempo não existia, a energia era disponibilizada de 18 às 21h através da usina Maria Bonita.
A facilidade de relacionamento e atenção para com todos o integraram de tal forma à família de sua esposa Lavínia que, após o falecimento de seus sogros, passou a ser considerado e querido como o novo patriarca dos Ferreira de Carvalho reunindo todos a sua volta sempre que vai à Fortaleza. Com Lavínia, Zitinho criou sua maior realização: sua família. Desta união nasceram seus quatro filhos: Izabel Maria, Valério, Giovana e Poliana, mais tarde ganhou mais um filho do coração Rodrigo, filho de seu irmão Miguel e sua esposa Rose. Atualmente seus “quindins açucarados” são seus netos: Lucas, Valéria, Arthur, Davi, Eduardo, Marcelo e Henrique. Mais descompromissado e desacelerado em razão de uma enfermidade congênita na vista que o levou a ficar mais em casa, Zitinho tem tido oportunidade de conversar e brincar muito com seus filhos e netos. Com uma sabedoria adquirida com a vida sempre viveu o amor e a solidariedade; e através de frases simples ensinava a seus filhos: “Meus filhos, temos muitos amigos, seremos convidados para muitas festas, podemos até não ir por uma eventualidade, mas na hora da dor, da morte NUNCA podemos faltar, precisamos estar presentes”. Gosta de dizer também que “Deus não criou nada em vão, tudo tem um porquê e todos nós temos “serventia” uma hora saberemos”. Uma das suas satisfações foi nunca ter entrado em contendas, ser um homem de paz. A mesa farta e a casa cheia, sempre aberta para todos são motivos de grande alegria. Amante da boa mesa, seus filhos costumam brincar dizendo que sua memória é gastronômica, pois lembra com precisão temperos e comidas.
São muitas lembranças, mas as melhores e maiores lembranças não ficarão registradas em livros e pergaminhos, estarão guardadas nos corações de sua família, dos amigos e de todos aqueles que ZITINHO marcou com um gesto de amabilidade.

 Com informações da Dra Izabel Carvalho

Da redação