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A pior coisa que existe é a ilusão do que não somos e nunca seremos em termos individual ou coletivo. Quando o assunto é identidade do brasileiro - amigável, pacífico, criativo, empreendedor, solidário, religioso, vítima de um sistema cruel, onde uma espécie de verniz grosso cobre a nossa face real de povo, porque existe um grande sentimento de humilhação da própria existência que se encontra ao nosso redor, como se a mascara fosse tão impermeável que o ser humano passasse invisível.

Em cada pessoa existe um medo visceral de olhar para dentro de si próprio e tentar ao menos entender as nossas contradições dolorosas de caráter, tamanha a desigualdade nas classes sociais, saldo desse sistema político fracassado ao longo da nossa história, com os agentes do poder contaminados pela corrupção e cristalizados na omissão e na falta de compromisso com a população e com o patrimônio público.

A banalização da vida e o convívio com a violência diária tem inviabilizado a sociedade de arregaçar as mangas e discutir a tristeza e a vergonha da nossa condição de horror, com uma violência que beira à barbárie, tanto na área criminal quanto social, pois os massacres psicológicos sofridos pelo povo diante de seus governantes são maiores do que a fome no Vietnã; cujas causas e efeitos estão muito longe de solução.

Sentimos hoje um mistério de medo e coragem que, de um lado não nos paralisa diante dessa hecatombe humana, de outro não nos força a tomar decisões que possam mudar esse cenário grotesco de um País tingido de muito sangue, e muita miséria humana, tanto econômica quanto intelectual!

Cobra-se da população equilíbrio e coerência numa sociedade desequilibrada e incoerente. Sua sensibilidade e criatividade não são exploradas, e a sua natural imaturidade não tem sido trabalhada pelos educadores. Os modelos de sucesso propagados pela imprensa ruidosa e formadora de alienados, estão cada vez mais distantes da real situação do povo, como distantes estão os políticos frente às necessidades e o interesse coletivo. Em quem se espelhar? Como vencer? Qual exemplo a seguir?

Se o Brasil ainda tem jeito, a solução passa pela valorização do ser humano enquanto indivíduo. E para resgatar o valor deste ser na sociedade é preciso resgatar o valor da família, da escola e do trabalho. Nas últimas décadas o importante para a família foi o patrimônio; o necessário para a escola foi o capital, o osoriointeressante para o sistema politico é “quem indica”, e não o conhecimento técnico; o essencial para o trabalho também é a indicação política, pouco importa ou não se é levado a serio o critério do conhecimento convencional. Por outro lado à educação no Brasil virou um grande polo mercantil, ninguém se preocupa com qualidade de ensino e muito menos com grade curricular, e sim com a quantidade, como se o sistema educacional fosse uma fabrica de biscoito, de automóveis ou outros produtos não duráveis, quanto mais melhor.

Da redação