A década de oitenta, em Floriano, também foi de renovação na arte. Com o surgimento do Espaço Cultural Maria Bonita, em 1986, a prática cultural da cidade amplia no teatro, na música autoral, na dança, na literatura e nas artes plásticas. Também fortalece o artesanato. Além disso surge o intercambio com os encontros locais e o deslocamento de grupos florianenses para outros centros culturais.
Logo nas primeiras oficinas, realizadas no Espaço Cultural, para a formação de atores foi constituindo-se entre os participantes as pessoas que formariam uma vanguarda. Numa oficina de Expressão Cênica, com o ator Fábio Costa, foi fundado o Grupo Escândalo Legalizado de Teatro, que apresentou o primeiro espetáculo “O dicionário”, texto teatral adaptado por Aderbal Júnior, a partir do conto de Machado de Assis. Daí em diante o município florianense inaugura uma efervescência no surgimento de pessoas interessadas em fazer arte. Esse momento marca o surgimento de muitos grupos culturais nas mais diversas linguagens.
Porem, foi uma batalha para tornar o Espaço Cultural Maria Bonita um território democrático. A pauta do local, por exemplo, não possuía espaços para os grupos de capoeira. Em vários momentos foi necessária a mobilização dos artistas para evitar a ocupação do Maria Bonita por pizzarias, churrascaria e danceterias privadas. Outro ponto de resistência era a eterna falta de projetos para o interior do Piauí oriundos da FUNDAC.
Neste cenário de contestações muitos assumiram viver da arte pelo resto da vida. O artista plástico Nivaldo Junior, falecido em novembro último, esteve neste contexto de busca de renovação dos nossos valores culturais. Aqui não cabe descrever as reuniões e manifestações deste período. Mas deixo meu testemunho de que ele foi importante para afirmar a necessidade de socialização do Espaço Maria Bonita, precisamente no final da década de oitenta e início da década de noventa.
A militância do Nivaldo Júnior foi constituída de decisões convictas pela abertura da prática cultural. Assumiu romper com muitos falsos valores para viver a suas manifestações artísticas no teatro, na dança e artes plásticas. Sempre dócil e extremamente simpático trouxe para o movimento cultural florianense muita contribuição política com desprendimento e charme.
Jalinson Rodrigues