O filme "Gonzaga - De pai para filho", de Breno Silveira, já supera a marca de 1,3 milhão de espectadores. Gente que foi ao cinema para conhecer - melhor - Luiz Gonzaga, cujo centenário de nascimento é comemorado nesta quinta-feira, 13, com festa em Exu, no Sertão de Pernambuco, sua cidade natal. Um dos atores que viveu o Rei do Baião nas telonas foi o sanfoneiro Chambinho do Acordeon, que já está na cidade e conheceu a casa que foi o último lar do Mestre Lua e foi transformada em museu.
Foi a primeira vez que o artista entrou na casa, em uma visita rápida mas recheada de emoções. Chambinho chegou a chorar no quarto simples em que Luiz Gonzaga dormia, já com seus 70 e poucos anos e bastante doente, no térreo da residência. O quarto mais "chique", com banheira, chuveiro elétrico e até ar-condicionado, ficava no primeiro andar e ele locomovia-se apenas com cadeira de rodas. "Dá para sentir a presença dele aqui", comenta o sanfoneiro.
E não é a primeira vez que Chambinho "sente" a presença de Gonzagão. Durante as filmagens do longa-metragem, no início deste ano, certa noite ele sonhou com Gonzaga. "No meio da noite, [Gonzagão] puxou a minha perna, dizendo 'faça isso direito, viu?'. Imagina como eu fiquei", lembra. Parece que o "carão" surtiu efeito. A crítica recebeu bem a atuação do sanfoneiro, que soube da seleção por meio da esposa, Daniela Piccino.
"Ele é tímido demais, é que agora está mais 'treinado'. Quando falei da seleção, ele disse que era sanfoneiro, que não tinha nada a ver, que era loucura, mas insisti, afirmando que louco seria ele se não participasse. Foram seis meses até ser escolhido", conta a mulher.
Durante a seleção, Chambinho visitou Picos, no Piauí, onde mora toda a família dele - o sanfoneiro diz que o nascimento em São Paulo foi "por acidente". "Resolvi conhecer o Parque Aza Branca, aqui em Exu. Já estava fechando, mas deu tempo de ver o museu e o mausoléu. Acredita que quando entrei no mausoléu meu celular tocou dizendo que eu tinha passado em mais uma etapa? Foi um sinal, com certeza", acredita Chambinho.
Chambinho é alto, de sorriso largo. Assim como Gonzagão, é atencioso com os fãs, que se surpreendem com a semelhança dele com o mestre no começo da vida adulta, entrando na casa dos 30 anos. Com o seu acordeon, sempre toca músicas do Rei do Baião nos shows. A preferida é "Asa Branca", ave que tem um viveiro logo na entrada da casa do velho Lua e inspirou a canção tida como um hino sertanejo.
"É uma emoção muito grande conhecer esse lugar, voltar ao Parque Aza Branca. Passa um filme na minha cabeça. Estou há quase dois anos mergulhado na vida de Gonzagão, por causa do filme, mas sinto que ainda há muito o que se pesquisar, desvendar dele. E é como se eu estivesse voltando para agradecer tudo que aconteceu na minha vida desde a primeira vez que pisei aqui", diz Chambinho.
G1