Historicamente, a extensão rural brasileira vem contribuindo positivamente para o desenvolvimento econômico e social. A ação do Extensionista Rural é que garante a democratização da pesquisa e o acesso às tecnologias necessárias para a produção de alimentos, que além de gerar renda no meio rural é condição básica para garantir a segurança alimentar e nutricional de toda a população. Nesta reflexão faço uma breve retrospectiva registrando as várias fases vivenciadas pela extensão rural, destacando nesse contexto o papel do Extensionista.
O marco inicial foi entre 1859 e 1960, período em que funcionou os Institutos Imperiais de Agricultura, e a Associação de Crédito e Assistência Rural de Minas Gerais (ACAR-MG) que serviu de modelo para expansão da ACAR para outros estados e a criação da Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – ABCAR, constituindo assim o sistema nacional que em 1975 foi denominado Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural – SIBRATER. O referido sistema foi coordenado pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMBRATER e executado pelas Empresas Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural-EMATER, que posteriormente funcionaram de forma integrada com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. *
Até 1980 a missão principal do sistema era atender as necessidades da conjuntura predominante no meio rural, marcada também na época pelo latifúndio, pela expansão do monocultivo e larga utilização de agroquímicos. Inicialmente a tarefa era supervisionar crédito e “levar” conhecimento para produção agrícola e para economia doméstica. Prosseguindo com a “transferência” de tecnologia para consolidação dos objetivos da chamada Revolução Verde. Pela natureza das palavras “Transferência” e “levar”, nota-se que nesse contexto, o papel do Extensionista era apenas de implementar, sem nenhum espaço para questionamentos, os pacotes tecnológicos.
Na década de 1980 o sistema nacional sofreu um intenso processo de sucateamento, ficando tudo por conta de cada Estado. O financiamento do sistema, até hoje continua mal resolvido e vem ocasionando limitadas condições de trabalho e uma perversa política salarial aos profissionais da área. Neste cenário ganhou força o serviço de extensão não governamental se afirmando na década de 1990 como uma referência alternativa a ATER pública com atuação principalmente nas áreas de assentamentos da reforma agrária a exemplo do Projeto LUMIAR.
A partir de 2003 a ATER pública voltou a ganhar força com a criação do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural - DATER do Ministério do Desenvolvimento Agrário, tendo como ação principal resgatar os serviços de ATER como política pública centrada na inclusão produtiva.
Este fato representou o início de um rompimento com um modelo antes centrado apenas na “transferência” de conhecimento para utilização de insumos, dando lugar a construção coletiva do conhecimento tendo como referência as metodologias participativas, um dos pilares de referência da atual política de ATER que resgata para o Extensionista e para o agricultor familiar o verdadeiro papel de protagonistas das ações de ATER no meio rural. 06 de Dezembro, parabéns a todo@s Extensionistas Rurais.
Francisco de Assis Santos
Da redação