Após alguns dias em estado de coma irreversível, o ex-saltador Nelson Prudêncio morreu à 0h30 desta sexta-feira na Casa de Saúde de São Carlos, no interior de São Paulo, onde estava internado desde o último dia 12 lutando contra um câncer no pulmão. A informação foi confirmada pela filha do ex-triplista, Cristiana.
O velório está sendo realizado no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo, em São Carlos, e o sepultamento ocorrerá às 16:30h. Aos 68 anos, dono de duas medalhas olímpicas no salto triplo, Prudêncio era o último saltador vivo entre os três maiores atletas brasileiros da modalidade. Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico, morreu em 2001; João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, falecera dois anos antes.
Segundo a família, o câncer só foi descoberto há cerca de um mês e já em estado bastante adiantado, o que dificultou qualquer tentativa de tratamento que pudesse resultar em cura. Na última terça, o filho Marcio Prudêncio disse que o quadro era tão desalentador que o pai já havia recebido a extrema unção (ritual católico conferido a pessoas que estão em estado gravíssimo de saúde e, consequentemente, correndo risco de morte). .
Nos últimos anos, Prudêncio vinha trabalhando na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) como professor Doutor em Educação Física, além de ser vice-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Prudêncio, o menino de Lins que virou ídolo olímpico do Brasil
Nelson Prudêncio nasceu em Lins, no interior de São Paulo, em 4 de abril de 1944. Oito anos depois, o Brasil conquistaria no salto triplo a segunda medalha olímpica de ouro de sua história, com Adhemar Ferreira da Silva. O atletismo popularizou-se, embora os atletas ainda sofressem com as dificuldades da profissão. Ainda assim, Prudêncio foi atrás do sonho de ser um saltador.
Os primeiros resultados apareceram em 1964, com apenas um mês de treinos. Então com 20 anos, ele foi campeão no Torneio de Aspirantes da Federação Paulista. No ano seguinte, Prudêncio foi campeão estadual e dos Jogos Abertos do Interior.
O ponto alto da carreira aconteceu em 1968, nos Jogos Olímpicos da Cidade do México. Prudêncio chegou à decisão respeitado, mas não era considerado favorito a medalha. Só que, à medida que a prova se desenvolvia, o brasileiro ganhou confiança. E o que se viu na reta final da competição foi uma das maiores disputas da história olímpica.
Prudêncio, o russo Viktor Saneyev e o italiano Giuseppe Gentile bateram o recorde mundial nove vezes durante a prova, alavancando a marca de 17,03 para 17,37 metros. Prudêncio, com um salto de 17,27m, ficou com a prata. O ouro foi para o russo.
Em Munique, quatro anos depois, Prudêncio estava de volta à final. Viktor Saneyev ficou mais uma vez com a medalha de ouro, e a prata acabou nas mãos do alemão Jorg Dremel. Prudêncio ficou com o bronze, o primeiro do Brasil na modalidade.
ESPN