Os eleitores quando escolhem os seus representantes para executar ou fiscalizar as políticas públicas não desejam fazer caridade pessoal com os candidatos. A eleição do prefeito e dos vereadores está permeada de inúmeras responsabilidades, que devem ser assumidas por aqueles que pleiteiam o poder político. Acima de tudo, o candidato deve possuir uma visão sistêmica do funcionamento da cidade, conseguir elaborar respostas para as demandas acumuladas e projetar melhorias na convivência urbana. Sem isso, não tem conversa: a cidade cresce desordenada com prejuízos para os trabalhadores em geral e o estrangulamento na qualidade de vida da população.
Apresentar, durante os programas eleitorais, reuniões e palestras, a história da vida pessoal não gera credibilidade, pois o que interessa são as propostas da futura gestão. Na verdade, todo nordestino tem um “pé na roça”, ou pelo pai ou a mãe. Então, buscar reafirmar uma imagem de pobre que prosperou não é certidão de honestidade e competência. Até por que o cidadão deve imacular as passagens da sua vida. Se existiu uma fase em que seu pai ou mãe não teve condições para proporcionar o melhor, isso não deve ser exposto com sensacionalista. Bobagem. Os candidatos não lucram mais com emulação de classes sociais.
Por outro lado, também soa desprezo pelo eleitor a exacerbação do sucesso pessoal do candidato, como se desconhecesse que em nosso pais as oportunidades nunca foram iguais para todos. O eleitor não precisa saber que o candidato passava de ano na escola, foi aprovado no vestibular para ser “doutor” e casou com a mulher mais bonita da sua galera. Outra bobagem.
Lógico que as virtudes contam, mas em outro momento do processo eleitoral. Agora, a “parada” diz respeito a apresentar conhecimento do processo administrativo do município, aliado a liderança e capacidade de projetar mais eficiência nos serviços públicos.
A eleição consiste, essencialmente, no grande debate de ideias, quando os candidatos e os eleitores mantém contatos mais diretos. Assim, o argumento para a solução dos problemas comunitários deve ficar na “ponta da língua”. Aí sim: quem sabe diz, quem não sabe titubeia. Nesse momento, o eleitor pode refazer sua opção de voto. “Simular humildade é ser soberbo”...(Santo Agostinho).
Jalinson Rodrigues - jornalista
Da redação