Morre o homem, mas ficam os ensinamentos. Foi assim, com essa compreensão que busquei a conformação quando soube, através da internet, da morte de Frei Antônio Curcio. Uma pessoa marcante pelo esforço que dedicava em construir uma áurea permanente de conhecimentos e saber em tudo que se disponibilizava a fazer. Italiano da cidade de Montefalcone di Val Fortore, Frei Antonio foi um religioso com forte estigma de cientista e que estava anos a frente do seu tempo.
Felizmente no início da década de 1970 tive a grata felicidade de estudar no Colégio Industrial São Francisco de Assis e conviver por quase uma década com este sábio educador. Lembro-me com precisão das imagens da minha querida escola nos primeiros anos de existência. Cheguei no Industrial, precisamente, no ano de 1974, egresso da Unidade Escolar Fernando Marques. Nesta época o Colégio São Francisco de Assis era restrito a algumas salas de aulas, um campo para práticas esportivas e uma oficina de marcenaria e eletrônica, onde o Frei Antônio exercitava sua vocação inventiva.
Repousa na minha lembrança ele apresentando para nós alunos equipamentos de amplificação de som e ensinando que se tratava do um sistema acústico, que se diferenciava dos demais existentes na cidade pela qualidade do som propagado. O comportamento vanguardista do padre era tão notório que naquela época ele já usava microfone sem fio, o que causava muita curiosidade entre os alunos e convidados para os eventos realizados no Colégio Industrial.
Outra doce recordação é a fase de construção da quadra do Colégio, quando o Frei realizava preleções sobre a necessidade da prática esportiva e de um espaço para a realização das atividades sócio educativas e culturais como as celebrações cívicas e comemorativas. Para conseguir o seu intento, o diretor Frei Antonio coordenou várias campanhas de donativos entre os alunos, pais de alunos e a sociedade florianense. Também, guardo as imagens dos ensaios e apresentações do coral da escola, que Frei Antonio regeu com a simplicidade de quem dominava o conhecimento musical. Neste turbilhão de memórias estão colegas contemporâneos, o Frei Vicente Cardone e a figura da professora Rubenita Ferreira, como fundamental auxiliar e coadjuvante deste projeto vitorioso.
No exercício da atribuição de diretor do Colégio Industrial, Frei Antonio era um educador rigoroso e defensor dos bons méritos e virtudes. Como religioso, foi um franciscano na verdadeira acepção do termo e pregava a existência de Deus na explicação para a exuberância da natureza.
Chegou a vez do mestre prestar contas com Deus, mas vai deixando a certeza de missão cumprida.
Jalinson Rodrigues - jornalista
Da redação