Uma luz brilha nos meus olhos tímidos, domina a minha matéria e se apossa das minhas mãos. Naquele momento, não sou eu que escrevo, é uma divindade que se encontra no meu interior. Tudo se transforma em energia cósmica, o escritor e outro pensador. Meu corpo é apenas um mentor, que dá suporte ao poeta pensador.
Quando a luz se envolve no meu olhar, o meu autoconhecimento não consegue pensar, sinto apenas manifestações somáticas, diante daquele olhar, como se a minha mente ficasse horas, estagnada, onde eu não escrevo e as minhas mãos são usadas em outra dimensão, em um lugar que não existe vida humana, apenas uma luz de grande irradiação.
Conheci existências douradas, entre o sol, noite e manhã. Depois avistei um verão verde antes do inverno chegar, tudo isso são fatos que apenas a luz daquele olhar pode visualizar. Os olhos humanos não podem enxergar o que uma divindade enxerga na escuridão de outro olhar.
Uma flor muitas vezes nasceu sem florir, mas, dentro de si, esconde a claridade da evidência do amor. Mesmo assim, prefere viver fora do conhecimento público. Não usa a divindade e muito menos a matéria para promover a imagem do corpo físico. O único dever de cada ser é promover o conhecimento, é através dele que se propaga o bem, ignorando o mal e a desigualdade social.
A humanidade encontra-se enraizada na ignorância individual e, tudo que existe de ruim no mundo, é praticado pelos seres “pensantes”, que são incapazes de reconhecerem os seus próprios erros e desacertos internos e externos. Os elementos da natureza segregam cada um dentro de si, a matéria deixa de ser matéria e se torna algo insignificante, a luz continuará luz, com ou sem qualquer brilho, dependendo dos seus atos praticados na terra. As pessoas passam sem saber o significado da vida, vivem em função do seu próprio eu. Esquecem que a morte é o sentido maior da existência, no entanto, agregam dentro das suas matérias asquerosas, o ódio, o preconceito e a divisão de classes diante do poder aquisitivo. Enquanto isso, quem perece deixa os bens materiais e leva consigo apenas as maldades e as lembranças mesquinhas da sua própria inexistência.
Da redação