Meu pensamento enxerga um amor invisível, uma linda sombra com anatomia geral, cabelos longos e pele aveludada. Esse corpo opaco é trazido pelo vento, quando encontra com minha matéria fico trêmulo, minhas mãos fogem do espaço físico que ocupam e meu corpo fica inerte, como se uma divindade dominasse meu sentimento imaterial.
Há dias que não consigo dormir, somente escrever. É na escrita que encontro meu verdadeiro ser, uma existência individual que vive além deste mundo e incorpora um ser humano, revelando as sombrias ilusões do presente e do futuro de um espírito invisível que entra onde quer, abrindo o peito e comovendo a fé.
Sombras não identificadas revelam o amor, elas não falam, transmitem ondas sonoras através do calor, os sentimentos de um olhar aparecem como os alísios sem se identificar, são apenas uma obstrução de luz em um vazio ocular, que meus olhos de humano não conseguem visualizar.
O que sinto me cala e fico sem falar, quando a fala volta, a alma aparece em outro lugar, se o amor se revela não consigo ver o encanto da sombra e muito menos a revelação desse sentimento, que não fala e nem diz o que sente, não mostra o corpo ou revela o motivo de seu encantamento.
Da redação