Escrevo o silêncio que há dentro de mim, minha boca muda retrata um escritor tímido e enclausurado, que tem medo das pessoas e vergonha de suas atitudes. Caminho pela poesia e sinto presente em cada verso uma entidade invisível, suspiro e vejo um sorriso e, ao mesmo tempo, um reencontro com a felicidade inscrita através de palavras. Todas as noites antes de dormir, ouço uma voz, sinto a presença de algo em meu interior, vejo pessoas belas em meus sonhos que sempre vêm me visitar.
Quem escreve busca satisfazer uma lacuna existente na alma, poucos realmente sabem o significado da escrita e do preenchimento desse vazio que mora no âmago. São inúmeras facetas de um processo de meditação, mecanismo esse que busca os problemas éticos e sociais de um povo que, por sua vez, servirão no futuro para o desenvolvimento de uma literatura criativa, que ensejará na vida e no sonho de novos escritores.
Reconheço que sou só, a conviver com a sombra da solidão. Há momentos em que esqueço de mim, nem sei se existo dentre tantas pessoas, no entanto, quando estou mais triste sinto-me livre e percebo que tudo é fantasia, onde estou nada é significante, por isso passo por mim como uma coisa esquecida, que não teme a existência e, muito menos, a matéria que compõe a vida.
Sinto-me em um Rio entre monstros, não ocupo qualquer espaço e nenhuma lacuna me pertence, vivo a navegar à procura de algo que não irei encontrar. Poucos sabem qual é o Rio da minha vida e a paixão que vivo a sonhar, meu maior amor está nas águas do mar, onde sou partículas e, ao mesmo tempo, oxigênio do ar.
Sou triste, tenho saudades da infância que não consigo esquecer, da noite e do luar, da convivência com pessoas adultas que sabiam dialogar, de uma educação diferenciada que criava um pensador e ensinava a pensar, diferente de hoje que todo ensinamento só serve para alienar, criando uma legião de pacóvios que sequer sabem meditar, comprovando, desta feita, que a educação chegou onde nunca deveria chegar.
Da redação