• Hospital Clinicor
  • Vamol
  • Roma

Nesta terça-feira, dia 30, a segunda passagem de Cuca pelo Atlético-MG completa 15 dias. Começou em 16 de março, dia da apresentação e do primeiro contato com os jogadores. Foram duas entrevistas coletivas, poucos treinos e só um jogo. Mas, na "primeira amostra", já é possível concluir detalhes sobre a metodologia do comandante, com perfil bem mais "tradicional" que o antecessor Jorge Sampaoli. Algumas características do trabalho de Cuca são marcantes. Assim como na primeira passagem pelo Galo, ele tem como objetivo definir uma equipe titular. O elenco será muito usado, mudanças serão frequentes (especialmente pelo calendário lotado de 2021), mas Cuca gosta de ter "os 11 ideais" em mente, ao contrário de Sampaoli, que quase nunca repetia escalações e montava o time sempre de acordo com o adversário.

"Quando eu tiver um conhecimento ideal (do grupo), vou ter uma equipe ideal na cabeça. Cada um vai saber pelo que luta. Quem é o 11 (time titular), quem luta para entrar no lugar de quem" - explicou Cuca, em coletiva pós-vitória sobre o Coimbra. A metodologia do dia a dia também é muito diferente. Os jogadores comandados por Jorge Sampaoli sempre destacavam que os treinos do argentino eram curtos, intensos e táticos. Cuca, claro, também tem grande foco na parte técnica e tática, mas se preocupa muito com o ambiente e com um bom relacionamento entre comissão, funcionários e jogadores.

Exemplo disso é o popular "rachão", treino descontraído, em que jogadores atuam fora das posições de origem, que visa relaxar e unir os atletas na véspera das partidas. Com Sampaoli, não existia. Com Cuca, está de volta à programação.

Outro trabalho que não era visto com o argentino e que já foi orientado pelo atual comandante é o "coletivo". É um treino que simula um jogo, com 11 para cada lado e usando todo o campo. No último sábado, Cuca promoveu uma atividade do tipo entre a equipe principal e a Sub-20. O próprio clube, na ocasião, informou que coletivos serão mais frequentes a partir de agora, também utilizando outras categorias (Sub-17, por exemplo). É mais uma forma de visualizar possíveis formações e fortalecer o entrosamento. Modelo de treinamento super tradicional, usado há décadas no Brasil e menos frequente no "cardápio" de treinadores estrangeiros.

  • Quando fui setorista do Atlético, Cuca era o treinador. Esses jogos entre Sub-20 e profissional eram super comuns. Enquanto os titulares no jogo anterior faziam o regenerativo, Cuca observava reservas contra a molecada. Era uma forma de ele saber quem estava bem, manter quem não vinha jogando motivado e fazer avaliações mais justas. Nesse período, conheci jogadores da base que depois foram protagonistas no time principal, como Jemerson e Carlos - conta Henrique Fernandes, comentarista Globo/SporTV. Se a forma de trabalhar mudou muito (e vai mudar ainda mais), os objetivos são os mesmos. Sampaoli assinou com o Atlético visando ganhar títulos. Conquistou o Campeonato Mineiro, mas ficou em terceiro no Brasileirão.

Cuca volta para repetir o que ele mesmo conseguiu. Na primeira passagem (com rachão, coletivo e time-base bem definido), foi bicampeão estadual e campeão da Copa Libertadores: conquista mais importante da história do clube. Não há receita de bolo, mas cabe a Cuca, agora, provar que o modelo "tradicional" de trabalho ainda pode ser muito eficiente.

 

GE