A derrota no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil dói na torcida. Dói porque ela não esperava que o Botafogo começasse bem nos 20 minutos iniciais e deixasse o Cuiabá equilibrar o jogo ainda no primeiro tempo. Para completar, os alvinegros viram o adversário marcar o gol da vitória num segundo tempo com apenas duas finalizações contra 13 do Botafogo.
O sentimento de terra arrasada é compreensível, até porque vem a lembrança das últimas duas eliminações na Copa do Brasil (contra Aparecidense e Juventude). Mas uma olhada com mais calma pode trazer outras conclusões.
Assim como contra o Goiás, o Botafogo teve exatas 22 finalizações e conseguiu pressionar o adversário. Mas essa constante de grande número de chutes e cabeçadas sem balançar as redes, que parece se repetir com o time de Bruno Lazaroni, preocupa.
Na noite da última terça, o Botafogo trocou mais do que o dobro de passes do Cuiabá. Com um projeto claro de buscar os espaços do adversário abrindo o jogo pelas pontas, o time não conseguiu fazer com que os quase 500 toques se transformassem em gols. Por mais que tentasse, as chances criadas teimavam em não entrar. Em entrevista coletiva depois da partida, Bruno Lazaroni diagnosticou o motivo pela falta de bola na rede: querer que isso aconteça logo.
- Infelizmente a ansiedade pelo resultado acabou comprometendo nosso nível de atuação. Independente de qualquer coisa, tivemos um volume grande. Finalizamos 23 vezes (22 segundo o scout do ge), tivemos dez escanteios, 29 cruzamentos na área, mais posse de bola. Foi o primeiro tempo de uma eliminatória, não saímos com o resultado que esperávamos, mas eu tenho convicção que temos condições de reverter na volta.
O otimismo de Bruno Lazaroni é o mesmo que qualquer técnico falaria, mas ele pode ter razão. Para isso, o time precisa dominar mais as ações no meio de campo - algo que faltou no fim do primeiro tempo e início do segundo contra o Cuiabá. Além, como constatou o treinador: ser mais eficiente. Somando as últimas três partidas (duas derrotas e um empate), foram 57 finalizações e apenas uma bola na rede. Detalhe: nos três jogos o Botafogo chegou mais ao gol do que o adversário.
Por isso o "tropeça nas próprias pernas" no título desta análise. O time pareceu ter afastado aquela dificuldade que tinha com Paulo Autuori, quando penava para criar. Com quase um mês de Lazaroni no comando, esse temor aparenta fazer parte do passado. Mas, agora, ao conseguir criar, não acerta o gol.
A rara semana cheia que teve para treinar o time já passou e caso se classifique para a próxima fase da competição, elas serão ainda mais difíceis. Com isso, o Botafogo precisa consertar os problemas durante os jogos, como um carro que, andando, troca os próprios pneus.
GE
Foto: André Durão/ge